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Mostrando postagens de 2010

Retrospectiva 2010

Depois de algum tempo criando contos, publico como último post do ano uma retrospectiva da minha vida nesse ano. Veridicamente falando :) Tenho por tradição ao final de todo ano reorganizar minha vida, arrumando meu quarto, descartando roupas e objetos que eu não uso mais, jogando o lixo fora e mudando as coisas de lugar. Isso é bom porque já me incentiva a começar o ano com uma postura renovada e ativa perante a vida. Durante esse processo eu costumo encontrar histórias minhas espalhadas entre meus pertences, o que me leva a relembrar muita coisa que vivi. Com tudo arrumado e no último dia do ano, eu escrevo uma carta ao Senhor agradecendo pelo ano que passou. Só que datada para o ano seguinte, como se fosse uma carta de desejos do que eu gostaria que acontecesse no próximo ano. Há dois anos eu não escrevo essa carta: em 2008 porque eu não tive tempo (estava trabalhando no shopping e mal tive tempo pra me arrumar pro reveillon...) e em 2009 porque eu não queria "prever" na

Pesadelo

Ele me buscou em casa no fim da tarde de sábado para irmos juntos a uma festa na casa de um amigo dele que eu ainda não conhecia. Fazia dias que a gente não se via mas eu tentava disfarçar a saudade. Simplesmente não via a hora de passar um tempo com ele. Chegando na festa percebi que não conhecia absolutamente ninguém que estava lá, e quis ir ao banheiro para conferir o visual. Só que quando eu voltei ele não estava mais lá. Nem ele nem ninguém, como se a festa tivesse mudado de lugar no exato instante em que saí dela. Liguei para ele desesperada de solidão, mas o máximo que consegui foi ouvir um som e gargalhadas ao fundo, antes da ligação desligar. Liguei de novo mas ele não atendeu. De novo e o telefone já estava desligado. Não fazia ideia de onde eu estava e nem de como iria embora. Me senti a mais idiota e abandonada do mundo, o que cortou cada pedaço de mim. Uma dor profunda me invadiu e num susto, eu acordei. Deitado ao meu lado ele continuava lá, dormindo tranquilamente na

Um Ano - Dèjá Vu

{Leia os anteriores primeiro} - Amiga, preciso chorar. - O que é isso?! - Ah, preciso. Olha minha cara já! - Ai ai... mas então chora logo pra gente não se atrasar muito pra sair. Faltava uma hora pra festa mas ela precisava chorar mais. Havia começado a chorar pouco antes do banho, depois de desligar um telefonema que fez para ele. Ligou porque precisava confessar que se sentia uma ridícula por trocar uma ocasião como esta por uma festa qualquer. Pediu desculpas encharcadas de lágrimas e ainda sem entender porque chorava disse a ele: - Se estou chorando assim em formatura, imagine em casamento. - Você só não pode chorar no seu casamento, porque corre o risco de borrar a maquiagem e você vai estar linda de noiva. Gota d'agua. Aí ela precisou desligar naquele momento porque as lágrimas caíam feito cachoeira. Ela sabia que estava fugindo de ir à formatura. Fugindo de ir à formatura, de sair e de encontrar com ele em qualquer ocasião que fosse. E eu sei porquê: ainda morria de medo

Um Ano - II

{ Leia o post anterior primeiro} - Devia sim hein!... hihi - zombou a amiga mais uma vez. - Não, não devia estar. Devia estar exatamente aqui - retrucou novamente dentro do carro. Um outro amigo no banco de trás aproveitou pra implicar também, mas depois das afirmações dela o assunto morreu ali. A convicção nas palavras era mais para ela mesma acreditar que para os outros. Ela sabia que queria estar naquele outro carro, o que ele dirigia sozinho. Ela sabia, porque se sentiu meio boba quando foi perguntar porque ele havia parado o carro no meio da rua, e tinha sido por causa de um cachorro. No fundo ela queria um pretexto pra mudar mesmo de carro. Mas não queria querer. Do mesmo jeito que tinha medo de sair com ele à noite naquele dia. E se ele quisesse ficar com ela de novo? Pior, e se ela quisesse? Não podia, não podia. Melhor deixar as coisas por ali. Por sorte ele não saiu naquela noite, tudo ficou bem e eles ficaram um tempo sem se falar de novo. Bem, ela queria acreditar que se

Um Ano - I

{Leia o post anterior primeiro} Era sábado à tarde, fim de churrasco e ela voltava pra casa de carona com uma amiga. - Você deveria estar naquele carro lá - disse a amiga em tom de provocação - Ó, nem começa hein - respondeu, já meio aborrecida. Era ele quem dirigia o outro carro e fazia três meses que eles não se viam. Desde o seguinte episódio: * Estava sentada num bar com as pernas esticadas em cima das dele, recebendo carinho nos tornozelos. Carinho entre eles era algo sempre muito natural. Aí ela sentiu o calor da proximidade dos corpos. O perfume. O nariz dele no seu pescoço. O calafrio que isso fazia. Tudo como sempre acontecia, mas naquela noite, surgiu algo a mais que ninguém sabe apontar o quê, mas que estava denunciado na cara deles. Ele cochichou com mais alguém na mesa e ela se manifestou: - Fala. - Nada não - a cara dele queimando de vergonha e da vontade reprimida. - ... - É que eu pensei numa coisa - confessou completamente sem graça. - Fala, eu sei - insis

Um Ano - Prefácio

Tinha um casal parado no ponto de ônibus hoje à noite, perto da lixeira, aos beijinhos e carinhos. Desde a hora que eu pisei por lá, senti um cheiro inconfundível de sexta-feira que despertou minha memória. Mais tarde em casa, como acontece em toda virada de mês, fui limpar minha caixa de torpedos e reli mensagens recebidas a meses - que acabo nunca apagando. Senti uma saudade enorme - e essa não foi a primeira vez - de ter meu coração ardendo, como quando era eu perto da lixeira. "Outra história com um outro rosto,  Um outro beijo com o mesmo gosto,  Era cedo e não podia dar certo,  Lá vem um outro dia frio e encoberto. [...]  O tempo virou e me deu as costas,  Outra pergunta com a mesma resposta,  Os dias são sempre iguais,  O mesmo filme em todos canais. [...]  Eu quero voar mas tenho medo de altura , O céu azul me dá tontura, Eu caio mas não chego ao chão, Estou certo, mas perdi a razão. Gritar! Se foi um erro, eu quero errar sempre assim ." E isso serve perfeitament

Sem exceção

Deitei na cama com uma folha de caderno e fiquei olhando pro pedaço de céu que aparecia pela janela entreaberta. Ele encostou na janela bloqueando a visão do céu, mas com minha advertência saiu de lá e sentou na cama, perto do meu pé. Era começo de tarde e o azul estava límpido, naquele tom que causa alegria. Eu tava feliz porque sentia o cheiro dele pertinho de mim e o calor das suas mãos nos meus joelhos. Quando ele deitou com a cabeça nas minhas pernas eu li - pra mim e pra ele - o que tava escrito na folha. Quando eu era mais nova eu vi O meu pai chorando e praguejando ao vento Ele partiu seu próprio coração e Eu assisti enquanto ele tentava remontá-lo E minha mãe jurou que jamais Se deixaria esquecer E esse foi o dia que eu prometi Eu nunca cantaria sobre amor, se ele não existisse Mas querido... Você é a única exceção Talvez eu saiba, no fundo da minha alma Que o amor nunca dura E nós temos que arranjar outros meios de seguir em frente sozinhos ou manter a cabeça erguida E eu

Cubo Mágico - Final

- Você já disse pra ela como se sente? - perguntei. - Não completamente - fez uma pausa, pensou e continuou - Bem, já comentei um pouco meus pontos de vista... quando tinha sorte era como se estivesse falando pro vento, quando não tinha tanta, era motivo de discussão. Então parei de falar, prefiro evitar conflitos. - Mas esse não é bem um tipo de conflito, é sua maneira de ver as coisas, são as suas verdades. - Talvez eu mesma não soubesse quais eram minhas verdades. Juro que minha garganta secou ao ouvir isso. Afinal, não fazia muitos meses que eu conheci Aninha. Quanto tempo era preciso para uma pessoa perceber que, se a vida fosse um cubo mágico, nós mesmos seriamos as mãos que movimentam seus lados? - Acho que descobri com o pôr-do-sol - e sorriu sem graça com meio canto da boca. - Ah sim - disse ainda meio perplexa, mas sem demonstrar - Os momentos que passamos sozinhos são muito bons para conhecermos quem somos. Isso é uma coisa que a gente vai descobrindo aos poucos e tem

Cubo Mágico parte II

- Eu queria saber brincar até completar. Dizem que depois dos lados completos você consegue descobrir o que tem dentro - falou Aninha baixinho. - Então por que não tenta? - Porque eu não consigo. - Ah, você já tentou muito? - Não, nunca tentei. Mas minha prima sempre diz que esse tipo de coisa é inteligente demais pra mim. Se ela me visse com esse cubo na mão já teria feito pouco caso. - Então aproveita que ela não tá vendo e tenta - sorri e pisquei um olho. Foi com esse gesto que eu ganhei o primeiro sorriso de Aninha, que me inundou como uma grande onda. Senti que dentro daquele corpo, que tentava passar despercebido pelos outros, havia alguém maravilhoso e fiquei feliz. Nesse tempo o sol começou a sumir e eu tirei os óculos para admirar. - Acho fantástico como o sol sai tingindo o céu de rosa, enquanto a lua vem pintando ele de azul. Eu devo mesmo amar esse momento pois nunca me canso de vê-lo, onde quer que eu esteja - falei. Aninha levantou os olhos do brinquedo e fez a mes

Cubo Mágico parte I

Todos os dias ela cumpria a mesma rotina e nos finais de semana passeava pelos mesmos lugares. Gostava de ir com sua prima a um parque do lado da casa dela. Um parque de árvores e plantinhas e patinhos e laguinhos. Aninha - como o próprio apelido representa - era acostumada a adjetivar as coisas no diminutivo. E levar assim, uma vidinha. Um fim de semana desses a prima dela viajou e ela foi ao parque sozinha. Foi bem nesse dia que eu conheci Aninha. De cabelo trançado, short jeans desfiado, uma camisa de botão discretamente florida e havaianas preta, tinha cara de quem está matando aula. Eu havia estendido minha canga na grama e de óculos escuros, lia um livro esperando o pôr-do-sol. Esse ponto florido entrou então no meu raio de visão por detrás do livro e fiquei observando-a, intrigada com sua cara de desilusão. Enquanto me distraí, minha folha marca-página (com costumeiras e inúteis anotações) voou até a beirada do parquinho de areia por onde Aninha vinha atravessando. Me apressei

Tatuagem

"Revelar a tatuagem é revelar o que, no corpo, esconde-se mais do que o próprio corpo, com o propósito, entretanto, de se revelar." Francisco Bosco - Tattoo You, do livro Banalogias. [Em: http://docedelira.blogspot.com/#ixzz0uumwJEL9 ] O dia que eu decidi que queria fazer uma tatuagem sabia que significava uma mudança pra sempre. Não que eu fosse mudar para sempre depois dela, mas pelo contrário, que eu já tinha mudado e exatamente por isso cheguei a tal escolha. Antes, achava interessante os desenhos riscados nos outros e me perguntava como tinha sido essa experiência para aquela pessoa. Tatuagem me deixa curiosa. Com o tempo notei que carregar uma marca escolhida no corpo era escolher carregar uma história, só que de dentro pra fora. Era oferecer para quem visse, o desejo de conhecer um pouco de algo maior. História mesmo. Porque mesmo que tenha gente que cometa erros marcados no corpo, quem leva consigo um desenho desses geralmente leva um pedaço de passado. Ou de o

Forever Young

Pisei na grama do quintal de casa. Também é noite e o vento está um pouco frio, o céu cinza escuro e sem estrelas, dizendo que vai chover. Logo senti uma chuvinha fina e leve encostar na minha pele. Ouvi o barulho que o chinelo fez sobre os matinhos que crescem na beirada da garagem e voltei mais de um mês na memória. Quando olhei de novo pro quintal vi um homem-moleque vestido de gente grande virando cambalhota enquanto uma mulher-menina toda produzida tirava seu peep-toe de salto alto e largava em cima deles os brincos brilhantes e pesados, só pra brincar de fazer contrapeso de corpos. Depois, foi um pulo nas costas, um abraço no pescoço e o sabor da saudade fria doendo, mas conseguindo escorrer entre eles. Quem se importa que horas são, se estão no sereno ou vestidos com roupa de festa? Juntos é tudo supérfluo. Juntos, a saudade derrete. Se envelhecer rápido demais for sinônimo de muitas experiências de vida, sei que estou fadada a envelhecer cada dia mais. Primeiro porque não é seg

Se eu fosse um garoto

Se eu fosse um garoto imagino que poderia escolher quantas mulheres eu quisesse. Os homens tem essa possibilidade maior de escolha, são os caçadores sabe. Eu então paqueraria à vontade, seria um exímio galanteador (ou sem-vergonha, como preferir), daqueles que olham coxas e bundas e fingem com a maior cara de sonso que não estão fazendo nada. Faria investidas sutis e esperaria pela risadinha envergonhada da Delicinha escolhida, o que me entregaria que ela só fingia timidez, enquanto na verdade me deseja ardentemente por dentro. Tiraria proveito ainda do fato de não precisar me depilar (pelo menos não tão frequentemente e etc) e iria para a praia toda semana, só pra ver as beldades bronzeando seus corpos na areia e saindo com os mini-biquínis encharcados do mar. Ah, frequentaria academia pelo mesmo motivo. Não seria daqueles que vão para o espelho de 5 em 5 minutos conferir quantos centímetros o braço já aumentou e se entopem de suplementos e etecéteras. Seria um espertinho que puxa ass

E eu que pensei que era o fim...

Ele me encontrou e disse que precisava conversar comigo. Eu pensei em mil coisas que ele pudesse querer me falar e no fundo tinha uma ideia do que afinal, poderia ser. Bem, se ele não falasse sobre isso, eu mesma teria que fazê-lo. Era quase inevitável. Na última vez que nos falamos ele tinha dito que pensava em ficar só comigo, mas tinha medo. Seu coração começava a arder por mim e sentir que o controle que ele sempre teve sobre as coisas estava escorregando entre seus dedos foi como um vento gélido nos calcanhares. Eu olhei pra ele e me vi, como se nossos sentimentos estivessem em lados opostos de um espelho, reflexos. Apesar de gostar do coração ardendo, também sentia frio nos calcanhares, o que me fez decidir que se ele não falasse, eu teria mesmo que fazê-lo. Quando o encontrei, senti que fazia um esforço imenso para estar ali e ter a conversa que pretendia. Foi fácil perceber porque ele não penteou os cabelos, nem passou perfume e colocou a primeira roupa que viu pela frente. Mas

Protetora

"Não acredito que ninguém sinta o mesmo que eu sinto por você agora. Existem muitas coisas que eu gostaria de te dizer, mas não sei como. Porque talvez, você vai ser aquela que me salvará E apesar de tudo, Você é minha protetora." {Oasis, Wonderwall} Tudo acontece porque tem que acontecer. Foi engraçado ouvir você dizer que confundiu as coisas também. Sabe, eu sei que você lembra o significado de eufemismo mas não sei se recorda que também é um advérbio que traz ideia de igualmente. Ou seja, conclusão por sua própria conta de que isso acontecera comigo. E acostumados a tantas metáforas, tornamo-nos uma grande ironia. Você está certo em muitos pontos, devo admitir. Cada um tem que ser um pouco egoísta às vezes e não precisamos de nenhum "se" no passado ou presente. Somos. Um pedacinho da gente sempre vai sofrer calado porque ter que cortar o outro corta a nós mesmos também, isso é perceptível. Nunca fomos um caso comum. Deve ser ainda mais confuso pra quem vê, porqu

Julia e Pedro Paulo

Julia não gosta de: cigarro, barba, anéis de ouro, halls preta, cerveja, sotaque, e de perder. Julia gosta de: histórias, colocar limites, coisas interessantes, carinho, tic tac, caipivodka, conversas e de desobedecer limites. Só que ela, coitada, tem uma espécie de karma: sempre acaba tendo que dar o braço a torcer ou mudar de decisão. Um belo sábado ela saiu com suas amigas pra dançar, numa festa super badalada da região. Aliás, ela mora em Cataúba, ou algum nome parecido com esse. Pois bem. Nesse dia Julia tinha decidido ser a guria mais séria da festa, simpática como sempre (porque mesmo quando precisa ser chata ela não consegue) mas sem dar confiança pra um rapaz sequer. Só que escolheu um vestido de matar. E é aí que entra Pedro Paulo. Paulista, mas malandro que nem carioca, o rapaz fitou Julia durante um tempo até chegar e puxar assunto. Perguntou a idade, depois o nome e ficou cheio de graça com o sorriso infantil da moça. Pra você entender o nível de malandrisse, Pedro Paulo p

15 de agosto

1) 18:00h - tédio A amiga vai chegar em meia hora. Às 19 vão fazer brigadeiro. Enquanto esfria, abrem um pacote de batata tamanho "pra galera" e duas latinhas de refrigerante. Estão munidas com três comédias românticas, mas só vão assistir duas. Devem deitar antes da meia-noite, mas nada de dormir. Conversarão sobre a vida e tudo o que ainda não tem. Lembrarão o primeiro ex-namorado. Irão pra cozinha comer o restante do brigadeiro e talvez sorvete também. Voltando pro quarto conversarão até umas das duas dormir primeiro, abraçada ao travesseiro. Com esse silêncio e o frio, se chegarem acordadas às 2h é lucro. 2) 22:00h - empolgação A amiga vai chegar em 20min. Às 22:30 vão pegar o táxi. Descem na rua da boate, mas passam antes no bar. Pedem batatas assadas com cheddar e dois Sex On the Beach. Estão munidas com meia-calça, salto alto e lacinho de cetim, e não pretendem economizar nenhum dos três. À meia-noite devem entrar na boate. A essa altura a vodka já subiu um pouquinho e

Frio

~ Há três dias conheci um rapaz que sente dor de cabeça todos os dias, quase o dia inteiro, desde sempre. Ele é mais novo que eu e namorou uma vez, há dois anos. Achei ele bonito, então prestei mais atenção nele e pelo seu olhar percebi que havia vazio. Talvez pela chata dor de cabeça. Imaginei tudo o que ele perde na vida por não ter motivação, ânimo, disposição ou coisa do tipo, e prefere deixar passar. Fiquei triste, senti vontade de chamá-lo pra um sorvete, mas acabei nem falando um 'oi' com ele. Estou meio gripada. Deixei passar. ~ Comer chocolate na cama nunca é bom sinal. O dia foi ótimo mas ainda não fiquei com sono, por isso deitei com meu potinho de chocolate no quentinho do edredon. Tô sentindo falta de você. Sentindo falta de te fazer cosquinhas e ver você rindo bobo igual criança. Sentindo falta do seu cheiro de protetor. Sentindo falta de brigar com você e fazer minha cara de deboche. Sentindo falta do carinho da sua mão no meu cabelo. Sentindo falta de ficar feli

Como se livrar de um coração de menina

Quando a gente vai crescendo, nossas roupas começam a não caber mais em nossos corpos. As calças ficam curtas e não fecham, os vestidos ficam infantis demais e as blusas deixam a barriga aparecendo. Assim, separamos todas elas e tiramos do guarda-roupa, para substituí-las por peças que caibam na gente. Com o coração acontece algo parecido. Enquanto somos meninas, ele fica recheado de sonhos de menina, amores platônicos, fantasias e desejos que fazem parte dessa fase da vida. Só que a gente cresce... então percebe que aquele coração já não cabe mais dentro do peito. Fica um vazio e você sabe que precisa substituí-lo: usá-lo não representa mais você e pode até causar algum constrangimento. Só que do mesmo jeito que é difícil se livrar de algumas roupas, porque elas tem valor sentimental e te lembram os momentos inesquecíveis que você viveu usando-as, livrar-se do coração é ainda pior e mais difícil. Porque ele guarda, além dos momentos, todas as pessoas que passaram por sua vida e tudo a

Misto Quente

Todo mundo quando ouve "misto quente" pensa em pão, queijo e presunto esquentados na chapa, um lanche rápido e típico da falta de opção noturna ou pós-balada. Eu penso em uma receita diferente: duas partes macias mais um recheio suculento esquentados numa superfície apropriada. Existem misteiras ligadas na eletricidade e outras que são levadas ao fogão. Algumas dividem o pão ao meio, deixam um relevo e há ainda aquelas que deixam marcas listradas num sanduíche espremido. Cada um tem uma misteira diferente, mas duas são mais cotadas: a raiva e a paixão. O formato que elas deixam é sempre surpresa, mas ambas são altamente eficazes para deixar o misto no ponto. Mesmo. A soma paixão+eletricidade é mais "segura" do que a raiva+fogão. Com a eletricidade a temperatura da chapa sobe até um limite e para. Já no fogão há o risco do misto queimar, se você estiver desatento. Algumas vezes ele vai queimar mesmo, não tem jeito. Eu sou meio desatenta e os meus costumam queimar de

A chave da porta da frente

Becos escuros Ruas desertas Sombras, sussurros Noites e frestas Frio na espinha Beijos roubados Sexo e vertigem Amor e pecado... Tudo que um dia Já foi o motivo Prá tanto mistério e prazer Apodreceu O nosso fruto proibido E eu vim aqui hoje Só prá dizer... Eu quero te olhar De um lugar diferente Eu quero a chave A chave da porta da frente Eu quero agora E eu quero prá sempre... Restos e sobras Porta dos fundos Senhas secretas Sonhos ocultos Fugas, mentiras Culpas e falhas Muita espera Prá pouca migalha... Tudo que um dia Já foi o motivo Prá tanto mistério e prazer Apodreceu O nosso fruto proibido E eu vim aqui hoje Só prá dizer... Eu quero te olhar De um lugar diferente Eu quero a chave A chave da porta da frente Eu quero agora E eu quero prá sempre... {Barão Vermelho} Tem horas que a gente fica se perguntando o motivo de tanta demora pra ter respostas. Todos os dias, ao dormir e ao acordar, eu penso nas perguntas e em quando eu verei as soluções. Penso em como as situações vão mudando

Preciso dizer que eu te amo

Quando a gente conversa Contando casos, besteiras Tanta coisa em comum Deixando escapar segredos E eu não sei que hora dizer Me dá um medo, que medo É que eu preciso dizer que eu te amo Te ganhar ou perder sem engano É, eu preciso dizer que eu te amo tanto E até o tempo passa arrastado Só pra eu ficar do teu lado Você me chora dores de outro amor Se abre e acaba comigo E nessa novela eu não quero Ser teu amigo É que eu preciso dizer que eu te amo Te ganhar ou perder sem engano É, eu preciso dizer que eu te amo tanto Eu já nem sei se eu tô misturando Eu perco o sono Lembrando em cada riso teu Qualquer bandeira Fechando e abrindo a geladeira A noite inteira Eu preciso dizer que eu te amo Te ganhar ou perder sem engano Eu preciso dizer que eu te amo tanto {Cazuza, Dé e Bebel Gilberto} [É triste saber que o Cazuza se foi ainda tão jovem. Ele era bom pra falar de sentimentos... Felizmente ficamos com seus maravilhosos trabalhos.] Uma música que eu gosto muito e que ouvia compulsivamente no

O espírito da passarela

Certa vez precisei usar biquíni e subir numa passarela vermelha montada no meio da faculdade. Valia nota e fui com a cara e a coragem: biquíni, camiseta, bumbum de fora e meu jeito peculiar de andar. É verdade que nessas horas ponho a vergonha no bolso: adoro interpretar. O desfile foi num clima de luau, com música ao vivo e chegando na ponta da passarela não sei o que houve, mas ouvi palmas, gritinhos e um burburinho diferente. Eu havia feito algum charminho, eu sei. Mas simplesmente não sei explicar o quê foi nem o que o deu em mim. Poderia até ignorar isso mas não pude: fato recorrente. Lembrei que com 10 anos participei de uma concurso que escolhia a garota da escola. E eu tive que desfilar. Passando em frente aos jurados agi naturalmente, mas sabia que estava jogando charme. Até ouvi uns comentários de algumas meninas sobre meu comportamento, mas tinha convicção de que não havia feito nada demais. A propósito, eu ganhei esse concurso. Mas dessa vez foi pior. Fui desfilar pra uma c

Nós 5

Não sei o que, de fato, faz as pessoas se identificarem com as outras. Como, de repente, um furinho no queixo ou uma pinta delicada no rosto se tornam coisas especiais. Únicas. Acho que é essa coisa da história... Deitamos na pedra pra falar de qualquer coisa que viesse à mente. Parece mentira, mas o céu estava estrelado e brilhante. O mesmo brilho que eu vi nos olhos de todos, quando a gente se reencontrou. E pra mim só faltou mesmo a fogueira pra aquecer e a máquina pra registrar nossas brincadeiras. Vou lembrar disso para os reencontros dos próximos 80 anos. É, de algum jeito a gente dividiu uma fase importante da vida e nada muda isso. Todos os sonhos que mudaram dentro de nós, todas as festas que a gente não foi, os trabalhos compartilhados, nossos erros antigos, nossas confusões, os amores trocados e todas as nossas diferenças formaram nossa história. Formam nossa história. Assim, tornamo-nos cúmplices para nossos novos erros, novas festas, trabalhos, novas confusões, novos amore

Mentiras

Descobri que eu sou uma mentirosa. Do meu ângulo de visão, sou uma contadora de histórias, e como eu disse, vou criando a vida como eu gostaria que ela fosse. Em outras palavras, eu minto, pra moldar a realidade à altura dos meus anseios. Eufemisticamente, diria que eu apenas distorço um pouco os fatos - para mais ou para menos - conforme a necessidade. Ainda não tinha me dado conta de como eu desenvolvi essa prática até perceber que meu alvo preferido é o meu coração. Sou pós graduada na arte de mentir pra ele. Para os outros, eu minto só para fazer o social. Para os que amo, eu minto só o necessário - e essa prática é altamente lesiva para mim. Para os que não me importo, eu minto para que eles achem que estão certos. Para o meu coração, eu minto deliberadamente a qualquer momento, para mantê-lo iludido. E agora que eu quero enxergar a verdade, meu coração se nega, me castigando pelo o que fiz com ele. Acho que ele declarou guerra à minha mente e essa briga entre razão e emoção está

Quantos amores

Você disse que isto não está funcionando, tenho que seguir em frente Você talvez tenha razão, perfeição isto não é Mas como é o amor perfeito, uma flor ou uma chama? Você tem algo que você quer, tudo e nunca o que você tem Pois quantas vezes, quantas vezes, quantas vezes, Você pode se apaixonar? E quantos amores, quantos amores, quantos amores, Faz uma vida? Doce felicidade dizem que vem em doses Eles estão numerados e que sobra do meu estoque? Pensando às três da manhã pensamentos no escuro, no escuro às três da manhã Eu estou ouvindo meus batimentos cardíacos ou o tique-taque do relógio? Quantas vezes, quantas vezes, quantas vezes, Você pode se apaixonar? E quantos amores, quantos amores, quantos amores, Faz uma vida? Diga-me quantas vezes, quantas vezes, quantas vezes, Você pode se apaixonar? E quantos amores, quantos amores, quantos amores, Faz uma vida? A menina atrás do balcão fez seu coração palpitar Ele pagou e recebeu o troco e voltou-se para ir Pensa, ele vai pedir-lhe para s

Tudo o que eu falei dormindo

Aumenta o som do meu stereo Que eu quero te levar a sério Apaga a luz e chega perto Pra eu te mostrar os meus segredos Você dormiu sem me dizer as coisas boas do seu dia E eu saí sem te contar que o que importa nessa vida É só deixar rolar e sempre...é só deixar rolar E no meu corpo ainda sinto o seu perfume O resultado do nosso confronto E se para os outros já não faz sentido Eu continuo tentando, insistindo Você dormiu sem me dizer as coisas boas do seu dia E eu saí sem te contar que o que importa nessa vida É só deixar rolar e sempre...é só deixar rolar Sei lá tudo pode parecer estranho Sei lá tudo pode parecer a todo tempo de verdade E tudo o que eu falei dormindo Eu sempre quis dizer de dia Invento artifícios para nunca te perder Eu não vou te perder... {Detonautas} Talvez seja o perfume ou o toque da pele algumas pintas a intensidade do vermelho criatividade chiclete caramelo um bamborilar de unhas na janela ou o elemento X e todas as coisas boas do mundo Que desarmam sua bomba M

É só deixar rolar

Não sei porque ele se espantou em me ver lá. Me mediu de cima a baixo, partindo da blusa de ombro caído, passando pela saia curta de cintura alta firmemente presa com meu cinto especial (aquele que eu finalmente pude estreiar e que eu comprei, uhm, na praça dos namorados parece...), pela meia arrastão, para enfim fixar os olhos no meu coturno de salto. Acho que ele não conhece a diferença entre botas, tênis e etc. Ah, agora sei porque o espanto. Ele jamais soube nada de mim além das mentiras que eu contei pra ele. E isso foi bom. Felizmente ele ficou do lado de fora. Essa noite não cabia a chatice dele atrás de mim, fazendo cara de quem não me entende, achando que está olhando para alguém que ele conhece. Eu? Uhum, claro. Não quis, nem precisei de nada além do gosto de poder ir. Acertei de novo quando pensei em quanto o rock aquece o sangue. E as mentiras são complemento de todas as histórias que a gente quer viver. Aquele gosto de juventude bem vivida, como se a gente tivesse lambido

O inferno são os outros

Aquecimento pra little party de sábado... Até bateu uma dúvida do que pode ser mais divertido: o reencontro com a Ana ou a new experience rock concert? Ah... o Rock seeempre bombeia o sangue, não?! ;D Detonautas - O inferno são os outros O que seria da tua beleza, se eu fechasse os meus olhos pra você? Do que adiantaria essa tua ideologia se tua própria liberdade se transformasse em opressão? Escute o meu silêncio. Talvez você nem tenha percebido que eu te fiz tão bem. Se ao menos eu pudesse te mostrar que o inferno são os outros. Você não quis me escutar E o tempo não, não parou Vou sair pra ver o sol Vou mentir e dizer que eu não sou feliz Vou sair pra ver o sol Deixo a porta aberta se quiser voltar Mas saiba que eu também consigo viver "só" A solidão que me ensinou a ser mais forte e a qualquer lugar eu vou sem medo. Você não quis me escutar E o tempo não, não, não parou Vou sair pra ver o sol Vou mentir e dizer que eu não sou feliz... Até lá! ;*

Rosa de dentro pra fora

Mesmo com as unhas vermelho brilhante, com cheirinho de banho e um pijama fofo, essa noite foi pesada. Os cabelos estão bagunçadamente ajeitados, mas ao olhar o espelho não fiquei feliz. Acabei de terminar a faculdade e recebi de presente uma alergia. Foi o que o espelho me lembrou quando olhei-o depois do banho: estou tão rosa quanto algodão doce de parque. E o mais injusto é que hoje é sábado à noite e tive que ficar em casa. Claro, não queria ser confundida na rua com um algodão doce, marshmallow ou qualquer outra coisa rosa. Mas essa coisa da alergia, mais os amores platônicos, mais o fato de ser sábado à noite e fazer frio, me fez pensar em mim. Quanto tempo eu gastei com esses amores? Quanto eu me doei por causa alguma, enquanto ninguém se preocupa? Eu realmente não devia ter doado tanto tempo, se existisse essa opção pra mim. Isso tudo é tão idiota! Pra quê eu olhei tantas vezes aquelas fotos, fisicas ou em memória, se nada ia mudar? Por que, dels, eu fui me preocupar? Por que t

Dos amores platônicos

Na primeira vez que você o vê, seu coração já descompassa. Ele sempre tem um brilho que o diferencia dos outros. E que só você vê. E então... 1º Quantas vezes você desejou que chegasse a sua vez? Quantas pensou que seria a melhor pra ele? Que ele não teria nada a perder, só a ganhar. Tantas foram as vezes que você se esforçou, ajudou no que era preciso. E quantas vai lembrar de quando chegou tão perto? E tudo acabou ali, sem nem começar. Na mais pura ilusão. 2º Quantas vezes sonhou em simular um esbarrão na escada? Quantas vai pensar nas vezes que passou pelo mesmo corredor? Em encontrar com ele na fila do bebedouro? Tantas foram as vezes que você ficou de longe observando onde ele entrava, pra escolher pra onde ir. Quantas vezes você até foi atrás, mas nem conseguiu abrir a boca? Todas à procura de um jeito de falar, brincar, encostar ou só chamar a atenção dele. E talvez você tenha chegado realmente perto, mas não de onde deveria chegar. 3º Quantas vezes esperou ele passar na frente

Coisas que alegram

Coisas que alegram o dia: - Atravessando a rua alguém grita "Ei minha namorada". Você não ia olhar, mas lembra que pode ser aquele seu colega palhaço, e vira. Ai você descobre que não era o colega, mas um gato moreno dos olhos claros. "Ei, não sou. Mas a gente pode conversar a respeito..." =P Tava olhando umas matérias na internet, dessas que vem linkadas em newsletter de rede feminina on line. São tantas opiniões, temas e outras coisas que a gente até lê. Às vezes acredita e parece fazer sentido, outras não. E ai, eis que surge uma frase que acaba criando um risinho bobo: "Muito melhor estar saudavelmente com vários, feliz da vida, do que com um só por conveniência ou a contragosto." Acho que faz sentido, não? De um jeito ou de outro, sejam felizes meninas! Isso tudo é só uma questão de... aproveitar a vida! ;)

Sem saída

E eu que sempre gostei de sonhar e tomar conta da minha vida, me deparei enfim com todas as incertezas. Percebi que era inútil planejar, não havia no quê me agarrar. Ah, não há. Não que eu queira que tudo ocorra exatamente conforme eu imagino. Pelo menos não sempre. Mas é que desde que eu me "percebi como gente", sabia qual o próximo passo queria ou deveria dar. Quando precisei me joguei, lutei e defendi meus ideais. Nunca me arrependi de ser assim, até nas vezes que as coisas deram errado - num certo ângulo. Agora não tem nada que me prenda. Há um horizonte de possibilidades na minha frente, nas quais por hábito, penso exaustivamente, mesmo sem chegar a lugar algum. E sabe, excesso de liberdade deixa a gente meio sem saída, já que, bem, tanto faz qualquer coisa. Envelheci muito rápido, eu sei, só não sei ao certo quem sou agora. Dizem que eu já fiz tanto, que já construí muito, mas ainda acho que não sou nada. E pode ser que nunca seja mesmo. Não é culpa de Deus essa minha a

Dias depois da Ana...

Ela saiu de trás do espelho depois de toda rotina de beleza que ela ama e que tinha caprichado mais uma vez. Conheço poucas pessoas que gostem tanto da própria companhia como ela. Mas conheço muitas que gostam da companhia dela. A menos que tenha um bom motivo, ela diz que sábado à noite não é hora de ficar em casa. Nem sextas, quintas, quartas ou quando der na telha. Estava anoitecendo quando ela saiu. Depois do banho e do perfume, o cheiro era de perigo. Doce e suave perigo, como podemos caracterizar seu cheiro. Apagou a luz do quarto, mas a da imaginação estava acesa. E não há o que a divirta mais, pra começar, do que sua própria imaginação. E mesmo sem saber no que ia dar, ele continuava brincando com ela como se isso não oferecesse perigo. Ah... se ele soubesse que a brincadeira iria trazê-la assim vestida num preto transparente, dissimulado como a própria dona, que quase se passa por sólido e mexe com as mentes... Talvez não haja o que temer se o pior a perder é o juízo. E disso

Dias antes da Ana...

Confesso, acordei achando tudo indiferente Verdade, acabei sentindo cada dia igual Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante Quem sabe o amor tenha chegado ao final Não vou dizer que tudo é banalidade Ainda há surpresas, mas eu sempre quero mais É mesmo exagero ou vaidade Eu não te dou sossego, eu não lhe deixo em paz Não vou pedir, a porta aberta é como olhar pra trás Não vou mentir, nem tudo que falei eu sou capaz Não vou roubar seu tempo, eu já roubei demais Tanta coisa foi acumulando em nossa vida Eu fui sentindo falta de um vão pra me esconder Aos poucos fui ficando mesmo sem saída Perder o vazio é empobrecer Não vou querer ser o dono da verdade Também tenho saudade, mas já são quatro e tal Talvez eu passe um tempo longe da cidade Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais Vou deixar a rua me levar Ver a cidade se acender A lua vai banhar esse lugar Eu vou lembrar você Eu quero tudo que há O mundo e seu amor Não quero ter que optar Quero poder partir Quero poder voltar Poder fa

Perto dos [re]s

Se Freud viesse me analisar, talvez dissesse que de acordo com meu inconsciente, sonhar com ele sem camisa seria a ponta do iceberg. Sei que isso está mais ligado ao id e que a pulsão não era a de morte. Não mesmo. Fora do sonho ele apareceu mais vestido, com duas camisas e um casaco por cima. Eu diria que o clima frio desses dias tem sido agradável, em especial pra imaginação. Mas não tenham o trabalho de avisá-lo que ele anda mexendo com a mulher errada. Ou melhor, certa. Ele só tem cara de inocente, mas sabe bem aonde quer chegar. Sair fez bem, mais do que voltar. Deixei minha identidade ainda vagando um pouco por aí, que é melhor pra ela. Ficar aqui por esses dias não foi tão legal quanto poderia, já que a gente descobre na prática que um TCC é realmente capaz de nos afetar emocionalmente. Em especial quando percebemos que ele era mais importante que um trabalho; era parte de um discurso que constitui suas escolhas de vida. Nas semanas que o circundaram fiquei um pouco cega e sensí