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Mostrando postagens de abril, 2017

Resiliência

Não me basta apenas plantar. Plantar é só a primeira parte da longa jornada que tenho prazer em exercer rotineiramente. Começa com a semente. A escolho como quem avalia o ultrassom do feto. Junto com a semente coloco todas as minhas expectativas, ou esperanças. Depois preparo a terra. Me certifico de que ela está úmida e fofa, e coloco um pouco mais de adubo. Crio o buraco. Aí coloco a semente. Avalio se está fincada raso ou funda o bastante. Então espero. Mas espero por perto, que é pra ver se a semente precisa de alguma coisa. Elas sempre precisam. Às vezes de água Às vezes de um buraco mais fundo um pouco Às vezes de amor Outras só de companhia. As sementes não gostam de ficar sozinhas. Quando nascem as primeiras folhas, sorrio. A segunda parte da empreitada está caminhando. E agora o foco da atenção muda. Cuido para que os animais não machuquem as folhas. Rego. Alimento. Tomo cuidado de não deixar sufocar e vejo o pé ficando forte, tomando forma. Alguns dias

Depois das nuvens

Mais um dia frio e chuvoso, mais um dia de ponte aérea. Me acostumei um pouco com essa rotina que quando entro no avião já nem faço questão de sentar à janela. Nesse dia eu sentei. Fui recebida pelas gotas de chuva que seguiam firmes do lado de fora. Colidiam com a janela, escorrendo pelo vidro como lágrimas correntes. Passei um tempo observando e senti o choro da janela conversando comigo. Sem perceber, procurava motivos que despertavam lágrimas correntes também em mim. Senti vontade de chover. Não por algum sofrimento que habitava em mim, sim pra fazer companhia à janela e suas lágrimas silenciosas. A liberdade de expressar algo que não precisa ter explicação. O avião ganhou o céu e depois das nuvens o sol brilhava lindo, secando as lágrimas da janela. Quando percebi, chorava. Nem sei bem porquê. Talvez seja porque me dei conta que existe sempre o momento seguinte. Existe o depois, a nova chance de começar de novo. Talvez tenha sido a maneira que encontrei de expressar pa