Depois das nuvens

Mais um dia frio e chuvoso, mais um dia de ponte aérea. Me acostumei um pouco com essa rotina que quando entro no avião já nem faço questão de sentar à janela.
Nesse dia eu sentei.

Fui recebida pelas gotas de chuva que seguiam firmes do lado de fora. Colidiam com a janela, escorrendo pelo vidro como lágrimas correntes.
Passei um tempo observando e senti o choro da janela conversando comigo.
Sem perceber, procurava motivos que despertavam lágrimas correntes também em mim.
Senti vontade de chover. Não por algum sofrimento que habitava em mim, sim pra fazer companhia à janela e suas lágrimas silenciosas. A liberdade de expressar algo que não precisa ter explicação.
O avião ganhou o céu e depois das nuvens o sol brilhava lindo, secando as lágrimas da janela.

Quando percebi, chorava.

Nem sei bem porquê. Talvez seja porque me dei conta que existe sempre o momento seguinte. Existe o depois, a nova chance de começar de novo.
Talvez tenha sido a maneira que encontrei de expressar para a natureza minha gratidão por existir o amanhã.

Esse amanhã que sempre supera tudo.
Esse amanhã de sol e céu azul que enxuga as lágrimas da vida com beijos.

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