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Mostrando postagens de setembro, 2011

Helena

A escuridão entrou pela porta da frente na vida de Helena bem na hora que ela chegou no samba. Do outro lado da roda estava Fernandes, de mãos dadas com a Fulana, que era a namorada dele de fato. Helena sabia, sempre soube, que ele tinha namorada. Mas ver e saber pra ela eram coisas bem diferentes. Saber é uma constatação, apenas. Ver não. Ver corta. Uma imagem dessas é capaz de vir e voltar da mente a qualquer momento, com vontade própria. Naqueles primeiros 10 segundos ela ficou imóvel, lutando contra as verdades que escorriam por seu rosto e paralisavam o corpo todo. Quis fugir. Ver corta porque é naquele momento que você constata que pro resto do mundo você não existe na vida do outro, que o papel principal não é seu. Quem ama sempre quer o papel principal, mas às vezes se contenta em ser coadjuvante, na esperança de que o diretor perceba que é ela quem tem o perfil ideal para aquele papel. Foi o que aconteceu com Helena. Ela aceitou fazer o teste para dividir o palco da vida de F

[I]limitado

Esperei a tarde toda e mais um dia para estar aqui. Ansiosa que sou, é como se tivessem demorado 45 dias ao invés de dois, fazendo com que tudo o que eu pudesse sentir tenha conseguido tempo mais que suficiente para fermentar. Isso que eu sinto no peito não é mais aquela mistura confusa entre raiva e desejo, ódio e amor. É alguma outra coisa que eu não sei explicar direito. Acho que eu só não quero que me tirem o direito de estar com você, de cuidar de você. Às vezes parece que é só disso que eu preciso. Depois de algum tempo percorrendo o caminho, os meus saltos quebraram e acabei por ter os pés no chão. Olho pra você na minha frente, sujo de poeira, descalço como eu e com aquela cara de "não-sei-o-que-dizer-ou-fazer" também, e eu novamente, não sei o que eu sinto. [Talvez eu devesse parar de tentar limitar com palavras meus sentimentos que não tem formato. Eles não param de zombar de mim cada vez que eu tento fazer isso.] Respiro fundo e acabo tossindo de leve, por ca

Da cumbuca

"Mantenha sempre o que é essencial para sua vida. Livre-se apenas do supérfluo" Toda semana quando vou às aulas de flamenco, eu tiro um papelzinho da chamada "cumbuca cigana". Hoje foi essa frase aí que saiu. Eu sinto tanta vontade de estar com você que não é possível que isso seja supérfluo. Pra mim, supérfluo é algo muito bom, que te dá prazer, te satisfaz, mas que popularmente falando, você não vai morrer se ficar sem. Tipo o iogurte petit suisse nas compras do mês. Daí eu fiquei me perguntando o que você é pra mim, já que de certo modo, ainda tento me livrar de você. Confesso que faço mesmo de tudo pra te eliminar da minha vida. Ponto. Apago mensagens de texto, escondo fotos, guardo os presentes que me deu e evito ir aos mesmos lugares que você frequenta. Repito pra mim mil vezes que você nunca gostou de mim, não do jeito que você fazia parecer. Era tudo armação masculina pra me manter sob seu domínio. Lembro bem da vez que você me cantou "Leve seu a

Nana

O que a Nana fez aquele dia girou meu mundo. Chegou ao meu lado trazendo dois drinks, exalando aquele inconfundível cheiro de doçura e perigo. Eu estou solteiro há alguns meses e confesso que já tive uma queda por ela. Na verdade tivemos alguns rolos pelo caminho, mas eu sempre tenho medo de tudo. A Nana era a mulher capaz de fazer qualquer homem se sentir completo, eu tinha certeza. Mas eu ainda não tinha certeza se eu estava pronto para ser esse homem (e nem para ser completo). E eu também morria de medo de perdê-la... por isso preferia fingir que não queria tê-la. Sabe, não teve uma vez sequer que Nana estivesse ao meu lado que eu não tenha sido contagiado pela intrigante e deliciosa energia que ela emana. Poderia dizer que ela carrega um sol caloroso e uma brilhante constelação dentro de si. Papo vai, papo vem, estamos nós aqui de novo. Ela balançou a cabeça levemente para arrumar os cabelos para trás e me entregou meu drink. Estava irresistível como sempre. - Um brinde - suger

08/09/11

"Querido Diário, hoje fui convidada para dar um passeio na praia no fim da tarde. Sentamos na areia por sobre nossos chinelos, observamos o vai-e-vem das ondas e o lindo céu que se formou ao pôr-do-sol, passando da mescla de rosa com azul e chegando ao púrpura. Contamos coisas sobre a vida, filosofamos e rimos muito. Fomos, simplesmente, felizes." :) Dedicado à você meu Preto, amigo mais lindo que sabe como ninguém entender um coração. Te amo *=]