Postagens

Mostrando postagens de julho, 2010

O espírito da passarela

Certa vez precisei usar biquíni e subir numa passarela vermelha montada no meio da faculdade. Valia nota e fui com a cara e a coragem: biquíni, camiseta, bumbum de fora e meu jeito peculiar de andar. É verdade que nessas horas ponho a vergonha no bolso: adoro interpretar. O desfile foi num clima de luau, com música ao vivo e chegando na ponta da passarela não sei o que houve, mas ouvi palmas, gritinhos e um burburinho diferente. Eu havia feito algum charminho, eu sei. Mas simplesmente não sei explicar o quê foi nem o que o deu em mim. Poderia até ignorar isso mas não pude: fato recorrente. Lembrei que com 10 anos participei de uma concurso que escolhia a garota da escola. E eu tive que desfilar. Passando em frente aos jurados agi naturalmente, mas sabia que estava jogando charme. Até ouvi uns comentários de algumas meninas sobre meu comportamento, mas tinha convicção de que não havia feito nada demais. A propósito, eu ganhei esse concurso. Mas dessa vez foi pior. Fui desfilar pra uma c

Nós 5

Não sei o que, de fato, faz as pessoas se identificarem com as outras. Como, de repente, um furinho no queixo ou uma pinta delicada no rosto se tornam coisas especiais. Únicas. Acho que é essa coisa da história... Deitamos na pedra pra falar de qualquer coisa que viesse à mente. Parece mentira, mas o céu estava estrelado e brilhante. O mesmo brilho que eu vi nos olhos de todos, quando a gente se reencontrou. E pra mim só faltou mesmo a fogueira pra aquecer e a máquina pra registrar nossas brincadeiras. Vou lembrar disso para os reencontros dos próximos 80 anos. É, de algum jeito a gente dividiu uma fase importante da vida e nada muda isso. Todos os sonhos que mudaram dentro de nós, todas as festas que a gente não foi, os trabalhos compartilhados, nossos erros antigos, nossas confusões, os amores trocados e todas as nossas diferenças formaram nossa história. Formam nossa história. Assim, tornamo-nos cúmplices para nossos novos erros, novas festas, trabalhos, novas confusões, novos amore

Mentiras

Descobri que eu sou uma mentirosa. Do meu ângulo de visão, sou uma contadora de histórias, e como eu disse, vou criando a vida como eu gostaria que ela fosse. Em outras palavras, eu minto, pra moldar a realidade à altura dos meus anseios. Eufemisticamente, diria que eu apenas distorço um pouco os fatos - para mais ou para menos - conforme a necessidade. Ainda não tinha me dado conta de como eu desenvolvi essa prática até perceber que meu alvo preferido é o meu coração. Sou pós graduada na arte de mentir pra ele. Para os outros, eu minto só para fazer o social. Para os que amo, eu minto só o necessário - e essa prática é altamente lesiva para mim. Para os que não me importo, eu minto para que eles achem que estão certos. Para o meu coração, eu minto deliberadamente a qualquer momento, para mantê-lo iludido. E agora que eu quero enxergar a verdade, meu coração se nega, me castigando pelo o que fiz com ele. Acho que ele declarou guerra à minha mente e essa briga entre razão e emoção está

Quantos amores

Você disse que isto não está funcionando, tenho que seguir em frente Você talvez tenha razão, perfeição isto não é Mas como é o amor perfeito, uma flor ou uma chama? Você tem algo que você quer, tudo e nunca o que você tem Pois quantas vezes, quantas vezes, quantas vezes, Você pode se apaixonar? E quantos amores, quantos amores, quantos amores, Faz uma vida? Doce felicidade dizem que vem em doses Eles estão numerados e que sobra do meu estoque? Pensando às três da manhã pensamentos no escuro, no escuro às três da manhã Eu estou ouvindo meus batimentos cardíacos ou o tique-taque do relógio? Quantas vezes, quantas vezes, quantas vezes, Você pode se apaixonar? E quantos amores, quantos amores, quantos amores, Faz uma vida? Diga-me quantas vezes, quantas vezes, quantas vezes, Você pode se apaixonar? E quantos amores, quantos amores, quantos amores, Faz uma vida? A menina atrás do balcão fez seu coração palpitar Ele pagou e recebeu o troco e voltou-se para ir Pensa, ele vai pedir-lhe para s

Tudo o que eu falei dormindo

Aumenta o som do meu stereo Que eu quero te levar a sério Apaga a luz e chega perto Pra eu te mostrar os meus segredos Você dormiu sem me dizer as coisas boas do seu dia E eu saí sem te contar que o que importa nessa vida É só deixar rolar e sempre...é só deixar rolar E no meu corpo ainda sinto o seu perfume O resultado do nosso confronto E se para os outros já não faz sentido Eu continuo tentando, insistindo Você dormiu sem me dizer as coisas boas do seu dia E eu saí sem te contar que o que importa nessa vida É só deixar rolar e sempre...é só deixar rolar Sei lá tudo pode parecer estranho Sei lá tudo pode parecer a todo tempo de verdade E tudo o que eu falei dormindo Eu sempre quis dizer de dia Invento artifícios para nunca te perder Eu não vou te perder... {Detonautas} Talvez seja o perfume ou o toque da pele algumas pintas a intensidade do vermelho criatividade chiclete caramelo um bamborilar de unhas na janela ou o elemento X e todas as coisas boas do mundo Que desarmam sua bomba M

É só deixar rolar

Não sei porque ele se espantou em me ver lá. Me mediu de cima a baixo, partindo da blusa de ombro caído, passando pela saia curta de cintura alta firmemente presa com meu cinto especial (aquele que eu finalmente pude estreiar e que eu comprei, uhm, na praça dos namorados parece...), pela meia arrastão, para enfim fixar os olhos no meu coturno de salto. Acho que ele não conhece a diferença entre botas, tênis e etc. Ah, agora sei porque o espanto. Ele jamais soube nada de mim além das mentiras que eu contei pra ele. E isso foi bom. Felizmente ele ficou do lado de fora. Essa noite não cabia a chatice dele atrás de mim, fazendo cara de quem não me entende, achando que está olhando para alguém que ele conhece. Eu? Uhum, claro. Não quis, nem precisei de nada além do gosto de poder ir. Acertei de novo quando pensei em quanto o rock aquece o sangue. E as mentiras são complemento de todas as histórias que a gente quer viver. Aquele gosto de juventude bem vivida, como se a gente tivesse lambido

O inferno são os outros

Aquecimento pra little party de sábado... Até bateu uma dúvida do que pode ser mais divertido: o reencontro com a Ana ou a new experience rock concert? Ah... o Rock seeempre bombeia o sangue, não?! ;D Detonautas - O inferno são os outros O que seria da tua beleza, se eu fechasse os meus olhos pra você? Do que adiantaria essa tua ideologia se tua própria liberdade se transformasse em opressão? Escute o meu silêncio. Talvez você nem tenha percebido que eu te fiz tão bem. Se ao menos eu pudesse te mostrar que o inferno são os outros. Você não quis me escutar E o tempo não, não parou Vou sair pra ver o sol Vou mentir e dizer que eu não sou feliz Vou sair pra ver o sol Deixo a porta aberta se quiser voltar Mas saiba que eu também consigo viver "só" A solidão que me ensinou a ser mais forte e a qualquer lugar eu vou sem medo. Você não quis me escutar E o tempo não, não, não parou Vou sair pra ver o sol Vou mentir e dizer que eu não sou feliz... Até lá! ;*

Rosa de dentro pra fora

Mesmo com as unhas vermelho brilhante, com cheirinho de banho e um pijama fofo, essa noite foi pesada. Os cabelos estão bagunçadamente ajeitados, mas ao olhar o espelho não fiquei feliz. Acabei de terminar a faculdade e recebi de presente uma alergia. Foi o que o espelho me lembrou quando olhei-o depois do banho: estou tão rosa quanto algodão doce de parque. E o mais injusto é que hoje é sábado à noite e tive que ficar em casa. Claro, não queria ser confundida na rua com um algodão doce, marshmallow ou qualquer outra coisa rosa. Mas essa coisa da alergia, mais os amores platônicos, mais o fato de ser sábado à noite e fazer frio, me fez pensar em mim. Quanto tempo eu gastei com esses amores? Quanto eu me doei por causa alguma, enquanto ninguém se preocupa? Eu realmente não devia ter doado tanto tempo, se existisse essa opção pra mim. Isso tudo é tão idiota! Pra quê eu olhei tantas vezes aquelas fotos, fisicas ou em memória, se nada ia mudar? Por que, dels, eu fui me preocupar? Por que t

Dos amores platônicos

Na primeira vez que você o vê, seu coração já descompassa. Ele sempre tem um brilho que o diferencia dos outros. E que só você vê. E então... 1º Quantas vezes você desejou que chegasse a sua vez? Quantas pensou que seria a melhor pra ele? Que ele não teria nada a perder, só a ganhar. Tantas foram as vezes que você se esforçou, ajudou no que era preciso. E quantas vai lembrar de quando chegou tão perto? E tudo acabou ali, sem nem começar. Na mais pura ilusão. 2º Quantas vezes sonhou em simular um esbarrão na escada? Quantas vai pensar nas vezes que passou pelo mesmo corredor? Em encontrar com ele na fila do bebedouro? Tantas foram as vezes que você ficou de longe observando onde ele entrava, pra escolher pra onde ir. Quantas vezes você até foi atrás, mas nem conseguiu abrir a boca? Todas à procura de um jeito de falar, brincar, encostar ou só chamar a atenção dele. E talvez você tenha chegado realmente perto, mas não de onde deveria chegar. 3º Quantas vezes esperou ele passar na frente