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Mostrando postagens de agosto, 2011

Beleza?

Tudo fez sentido quando eu li que com o passar do tempo as mulheres não se importam mais tanto com a beleza física e mais com as qualidades da personalidade do homem. As pessoas da minha idade acham estranho quando eu digo que não me importo com a beleza. Talvez para os homens a beleza seja mesmo fundamental, mas para as mulheres (disse mulheres, não garotas) que conheço esse ponto nunca foi o determinante. Eu, que sempre me sinto um peixe fora d'agua no que diz respeito à "coisas da minha idade", tive que admitir que tenho mais um traço de velhice prematura. Legal. Honestamente, eu não entendo porque tem pessoas que dão tanta importância pra beleza. Ou melhor, acho que as pessoas, especialmente os jovens, têm uma visão estereotipada de beleza associada à felicidade. Chamaria de "Novo Método de Seleção das Espécies" (NMSE). Espécies preocupadas com o conteúdo de um lado, preocupadas com a beleza do outro. Tive uma bela prova disso esses dias, quando fui numa da

Natasha (ou Rafaelle)

Movida por uma força interior que não se sabe explicar de onde vinha, costumava aparecer nas sextas-feiras. Misteriosa, sutil e desinibida, sua presença marcava toda autoconfiança que uma mulher poderosa precisa ter. Natasha - que na época era conhecida como Rafaelle - emanava sutilmente esse poder, era algo natural. Vista, ouvida e percebida com diferentes olhares e intensidades, o efeito que ela causava entre os sexos era quase oposto. Sobre as mulheres era o esperado: piadas, deboche e aquele olhar torto de inveja queimando silenciosamente no peito delas. Já entre os homens... eram os mais variados. Dava gosto observar as diferentes reações provocadas por ela. Em geral, um misto de desejo, admiração e um pouco de inacessibilidade rodeava as conversas por ela protagonizadas. Natasha era provocante na medida certa com seu humor afinado, comentários acidamente perspicazes e seu rosto dissimuladamente angelical. Ela é atriz e se orgulha disso. Seus jogos de sedução já levaram homens a

Conversa com Freud

- O que te aflinges minha filha? - Sabe doutor, acho a vida tão insolúvel e ao mesmo tempo tão gasosa. Na verdade acho a vida gasosa e as decisões insolúveis. Sabe, essas perguntas que aparecem todos os dias o dia todo e temos que passar a vida respondendo? - As escolhas? - Isso, essas mesmas. Sei que são elas que fazem a vida, mas às vezes fica tão chato. [silêncio, respira] Acho que sou meio confusa, não sei. - De onde tirou essa conclusão? - De alguns fatos que acontecem na minha vida. Isoladamente. Tá, na verdade todos os dias. - Fatos...? - Não sei, acho minha visão do mundo um tanto ambígua. Como nessa questão da solidez/volatilidade. Essa coisa meio naftalina. Isso! Acho que a vida é meio naftalina. Ela tá ali, sólida, visível e tocável. E daí um pouco não tá mais. Evaporou, literalmente. Fico sempre com medo dessa mudança de fase, especialmente quando analiso minha própria vida. - Você está rodando em círculos... - Outro problema. Muitas vezes não consigo organizar meu

Armadilha

Tenho certeza que ela te comprou antes de sair. Você que já estava com a barriga cansada de tanto empurrar as coisas, olhou a porta por onde ela passaria em instantes e vislumbrou o fim. Teve suas dúvidas e quase certezas de que ela iria terminar as coisas por você, mesmo que isso destruísse tudo. Mas não. Por mais inacreditável que isso possa parecer, ela não fechou a porta quando saiu. Ela olhou pra trás e disse "Eu te amo". De um jeito que você não estava acostumado a ouvir há anos. E era exatamente dessa ratoeira que ela precisava pra prender o rabo do seu coração que estava preparando pra se misturar ao ar. Três palavras que acorrentaram seu corpo inteiro. E então não importava mais se você cogitou terminar tantas vezes, se ela não era carinhosa do jeito que você queria, se na verdade vocês não tem uma química tão compatível assim ou se você é o único que se esforça pra que tudo dê certo (em outras palavras, você é o que cria possibilidades para quebrar a monotonia da r

Simples

O amor? O amor é aquele que transforma sonho em realidade. Brigadeiro em festa inteira, miojo em "super massa do chef", pão velho em misto quente, barraca em hotel 5 estrelas e faz travesseiro servir - confortavelmente - para dois. O amor é aquele que te escuta mesmo quando você está repetindo a história pela terceira vez, que divide seus medos com você e que te surpreende de madrugada. Amor é aquele que não cansa de você. Que em dia quente significa praia, em dia frio é edredon e em dia cinza, lápis de cor. O amor te aperta, te morde, te abraça, te afaga, te abana, te segura, te empurra, te eleva, te protege e te muda de lugar. Pra ser mais específica: quando sua esperança em você se for e você começar a fraquejar, o amor é aquele que, inevitavelmente, sempre te salvará.

TPM

Eu nunca choro por você. Bem, na verdade eu só choro por você quando eu tô na TPM, e você já sabe quando eu tô só pelo jeito como eu seguro seu pescoço. Aí você sempre diz: "Fica tranquila Rê, eu tô aqui com você. Vou te buscar um Kinder Bueno, tá amor?" Eu adoro quando você faz isso, mas a gente sabe que é um mero paleativo. Em poucos minutos (depois de comer o Kinder) já estou lá jogada na cama, agarrada a um dos travesseiros, rádio ligado na Antena 1 e toalhinha em punhos - para assoar o nariz e recolher as lágrimas. Olho a casa vazia e imagino você longe, morando com outra mulher - mais loira, mais rica e mais peituda que eu - e penso em porquê algum dia eu fui acreditar em você. Lembro então do sonho que tive uma vez, no qual você me levava para uma festa e me largava lá, sem celular e sem ter como voltar. Fico imaginando as maldades que você planeja fazer ao meu frágil coração que te ama puramente e, justamente por isso, fico exposto a suas artimanhas maléficas. Imagi