TPM

Eu nunca choro por você.
Bem, na verdade eu só choro por você quando eu tô na TPM, e você já sabe quando eu tô só pelo jeito como eu seguro seu pescoço. Aí você sempre diz: "Fica tranquila Rê, eu tô aqui com você. Vou te buscar um Kinder Bueno, tá amor?" Eu adoro quando você faz isso, mas a gente sabe que é um mero paleativo. Em poucos minutos (depois de comer o Kinder) já estou lá jogada na cama, agarrada a um dos travesseiros, rádio ligado na Antena 1 e toalhinha em punhos - para assoar o nariz e recolher as lágrimas. Olho a casa vazia e imagino você longe, morando com outra mulher - mais loira, mais rica e mais peituda que eu - e penso em porquê algum dia eu fui acreditar em você. Lembro então do sonho que tive uma vez, no qual você me levava para uma festa e me largava lá, sem celular e sem ter como voltar.
Fico imaginando as maldades que você planeja fazer ao meu frágil coração que te ama puramente e, justamente por isso, fico exposto a suas artimanhas maléficas. Imagino nós dois vestidos de noivos num pôr-do-sol no campo, numa cerimônia pequena e graciosa, apenas para amigos. Vejo você sussurrando que me ama e sinto seus olhos brilharem ao me admirar, até voltarem a se perder nos meus. Estamos tão lindos e felizes que poderíamos acender uma cidade com nossa energia. Esse momento é tudo o que a gente sempre sonhou. E então eu voltou a chorar até soluçar, porque sei que isso nunca vai sair da minha imaginação. Eu sei que você não me ama. Nunca vamos ter um filho chamado Luís Fernando e nem nossa própria Clarice porque simplesmente, não teremos filho nenhum. Eu sei que você nunca me levou a sério de verdade.
Já estou com a toalhinha encharcada, o rosto rosa e as pálpebras inchadas de tanto chorar quando finalmente, durmo.
Sonho de novo que você me abandona na festa e vai embora com a loira no meu carro preferido. Acordo péssima no sábado e fico de luto. Decido fazer qualquer coisa, desde que eu não precise sair do quarto.
No domingo desligo o telefone e finjo que você não existe. Tenho certeza de que até amanhã você já me esqueceu e não procurará mais.
Depois da crise de três dias, acordo ótima na segunda. Nenhum indício de pensamento auto-destrutivo, nenhuma confusão mental criada pelos hormônios, nenhum vestígio das temidas lágrimas. Você me liga na hora do almoço e pergunta como estou.
- Ótima, como sempre. Por quê a pergunta?
- Nada não Rê, só pra saber. Agora tenho que desligar. Beijo minha linda, te amo.
- Beijo Bê, te amo também.

E sabe o que é pior? Eu sempre acredito.
:)

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