Deitei na cama com uma folha de caderno e fiquei olhando pro pedaço de céu que aparecia pela janela entreaberta. Ele encostou na janela bloqueando a visão do céu, mas com minha advertência saiu de lá e sentou na cama, perto do meu pé. Era começo de tarde e o azul estava límpido, naquele tom que causa alegria. Eu tava feliz porque sentia o cheiro dele pertinho de mim e o calor das suas mãos nos meus joelhos. Quando ele deitou com a cabeça nas minhas pernas eu li - pra mim e pra ele - o que tava escrito na folha. Quando eu era mais nova eu vi O meu pai chorando e praguejando ao vento Ele partiu seu próprio coração e Eu assisti enquanto ele tentava remontá-lo E minha mãe jurou que jamais Se deixaria esquecer E esse foi o dia que eu prometi Eu nunca cantaria sobre amor, se ele não existisse Mas querido... Você é a única exceção Talvez eu saiba, no fundo da minha alma Que o amor nunca dura E nós temos que arranjar outros meios de seguir em frente sozinhos ou manter a cabeça erguida E eu ...
É estranha a sensação de percorrer um caminho e parecer não alcançar nada; principalmente quando o desejo é o de chegar a algum lugar. Eu poderia reclamar por ter caminhado, caminhado e não ter conseguido o queria, mas isso não mudará o quanto eu caminhei. Então prefiro lembrar das paisagens, das pessoas, dos passarinhos e do cheiro das plantas. Isso significa que não foi tudo completamente em vão. Claro que não foi. Hoje tenho plantas em casa e me dão muita alegria. Mas é hora de trilhar novos caminhos... E olha, dá medo. É o desconhecido, e sempre dá medo. Principalmente de pensar em caminhar, caminhar e não chegar a lugar nenhum de novo. Mas se eu não tivesse caído algumas vezes eu não teria aprendido a andar. E se não tivesse superado o medo de me equilibrar na bicicleta não teria sentido a satisfação da conquista de ter aprendido a andar nela também. Ter medo faz parte. Tenho todas as possibilidades pra fazer desse caminho diferente, como ele já é por natureza. São outras paisagen...
- Eu queria saber brincar até completar. Dizem que depois dos lados completos você consegue descobrir o que tem dentro - falou Aninha baixinho. - Então por que não tenta? - Porque eu não consigo. - Ah, você já tentou muito? - Não, nunca tentei. Mas minha prima sempre diz que esse tipo de coisa é inteligente demais pra mim. Se ela me visse com esse cubo na mão já teria feito pouco caso. - Então aproveita que ela não tá vendo e tenta - sorri e pisquei um olho. Foi com esse gesto que eu ganhei o primeiro sorriso de Aninha, que me inundou como uma grande onda. Senti que dentro daquele corpo, que tentava passar despercebido pelos outros, havia alguém maravilhoso e fiquei feliz. Nesse tempo o sol começou a sumir e eu tirei os óculos para admirar. - Acho fantástico como o sol sai tingindo o céu de rosa, enquanto a lua vem pintando ele de azul. Eu devo mesmo amar esse momento pois nunca me canso de vê-lo, onde quer que eu esteja - falei. Aninha levantou os olhos do br...
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