Haviam pedaços. Pedaços espaçados e espalhados de mim por todos os lados. Espaços vazios e o negativo entre os cacos. Foi como se eu acordasse de um sonho e me deparasse com todos eles lá. Não os reconhecia, não sabia como foram ali parar. Tinham cores muito brilhantes, holográficas, cintilavam. Pedaços vibrantes de uma mulher muito viva. Senti como se até aqui, minha vida tivesse sido um grande ensaio. Recebi o roteiro e vim estudando as falas, marcando os passos. Era como se agora, perto da cortina abrir, as cenas aparecessem com mais cor e sentido. Mas faltavam os pedaços. Olhei de novo ao redor sem crer como não os tinha percebido. Será que eu dormi ou eles realmente estavam escondidos? Meu peito pesou e quando passei a mão senti um estranho desconforto: vestia um imã. Debaixo dele, os espaços vazios com tamanhos similares aos cacos no chão. Era eu que brilhava. Era meu peito que se escondia fingindo que não faltava nada. Faltava. O imã toda vida fora usado do lado errado. Por...
Havia perdido a esperança de que alguém pudesse me fazer sentir confiança outra vez Até que ela, com seu jeito doce escondido sob uma casca, me fitou com seus lindos olhos estreitos e disse: - vai no seu tempo porque tô indo nele também.
São 01:08 da manhã Cliquei a tela do celular mesmo sabendo que não tem ninguém pra me mandar mensagem a essa hora Senti confusa o gosto dos textos exaustivamente digitados nas teclas com letras e números Não faz muito tempo, mas já tem uma eternidade O frisson das histórias contadas por inteiro mas escritas pela metade Minha unha na pele das suas costas Meu suspiro suave no ouvido A música arranhada por guitarras no banco do carona Os textos de páginas, as conversas de horas avançadas pela madrugada A internet tem cortado cada vez mais nosso tempo juntos, medindo as emoções por caracteres rasos A profundidade do meu desejo não se adequa a esses tempos Resisto a eles sendo fiel a mim como você nunca foi Do I wanna know? How many times can you fall in love? Talvez eu esteja me tornando démodé, não me importo: meus amores não são líquidos
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