Postagens

Mostrando postagens de 2013

Daquilo que não se esqueceu

Tinha esperança que você me amasse. Aliás, acho que ainda tenho. No fundo do meu coração às vezes desejo que um dia você descubra que eu sou o amor da sua vida e que não saiba como conseguiu passar tanto tempo longe de mim. Só não sei se ainda teremos tempo. Não, não sou mais apaixonada por você e a gente sabe. Consigo te ver e não pular no seu colo (ou nas suas costas), consigo ouvir você contar seus casos com outras sem sentir meu coração apertar e já consigo brincar com você sem levar a sério. Teve uma época que cheguei a dizer que estava "curada" de você... Mas o que acontece quando damos de cara com coisas que nunca esquecemos? O que fazer? Sobre aquele livro, por exemplo, o que li a primeira vez na época que nos conhecemos. Aquele que amei tanto que comprei pra deixar na minha cabeceira, que depois comprei outro pra te dar de presente e que por fim você me presenteou como uma edição mais antiga. Isso sem contar as camisetas, aniversário e tatuagem. Será que o pr

Em breve eu serei uma pessoa sozinha e acho que foi o caminho que escolhi. Eu quero alçar novos voos, planar em outros horizontes e me aventurar pelo desconhecido. Não pertenço a este território onde me encontro, por isso preciso saber se meu lugar é pelos lados de lá. Outra casa, outra decoração, outro idioma, outro ar. Alguns pratos em comum, alguns conhecidos receptivos, alguns encontros ao acaso. Nenhuma família, nenhum amigo, nenhum amor. Ninguém para segurar minha mão e me dar força, ninguém para me abraçar na aflição. Ninguém. Desculpem a falta de metáforas, mas hoje estou mais realista que poética. Experimentei o vazio de me sentir sozinha dentro de casa. Me senti sozinha na minha própria vida, no meu próprio corpo. E não tem ninguém que vai me entender. E ninguém vai segurar minha mão. Meus pensamentos voam cada vez mais alto, estão fora de alcance. E às vezes sinto que nem eu os entendo, quem dirá outro alguém! Tem certos caminhos que não tem volta, por mais que se qu

Página, virada

Alguma hora isso teria que acontecer. Querendo ou não, brigando entre razão e coração, de um jeito ou de outro, esse seria o curso das coisas. Já faz mais de mês que não falo com ele, acho. Tem algum tempo que não me interesso mais em contar essa distância. Pra ser sincera, nem tenho lembrado mais. Só sei que sua última aparição foi tão estranha e sem cabimento, que me levou a concluir, posteriormente, que se tratava de algum tipo de pegadinha planejada por ele. Não entendi absolutamente nada e assim continuo, porque minha única reação foi ignorar isto. Completamente. Já faz meio ano que coloquei o ponto final, ou até pouco mais que isso. Passei por todas as fases internas que devia passar, da rejeição ao fato à constatação do mesmo, da rejeição do indivíduo à aceitação das circunstâncias. Chovia há tempos, só nos faltava abrir o guarda chuva. Senti que era o fim quando o restaurante onde ele disse adeus pela primeira vez fechou. Não esbocei reação, mas senti no peito o fim v

Furacão

Vou aproveitar enquanto você não está olhando para confessar que queria ter feito mais por você. Fui pega de surpresa ao descobrir seu paradeiro e ainda estou sob esse efeito. Verdade, eu nutria uma esperança de qualquer dia desses você decidir aceitar minha pizza e a gente se esbarrar. Como diz um dito popular, não importa quanto tempo as coisas duram, mas a intensidade com que acontecem. Pra mim foi assim com a gente. Rápido e avassalador, como um furacão. Você é encantador, e eu serei eternamente grata por me libertar do cárcere de onde tentava furiosamente sair, mas não encontrava as chaves. Não sei porquê, mas estavam contigo. E toda grande complicação do mundo pareceu diluir. Sabe, descobri que você é um bom companheiro e muito amado. Na verdade eu já sabia, mas agora está mais que provado. E não sei, senti vontade de chegar aí, fazer carinho em seu cabelo, dar um beijo em sua cicatriz e dizer: "Está tudo bem, estamos aqui. Fica tranquilo.", mas outra vez estou lo

Mudando a fôrma

Quando o fardo ficou pesado demais, pensei em parar. Foi uma dor profunda, igual ou maior da que sentia ao andar com o fardo nos ombros. Doeram meus joelhos, pés, coluna, ossos da saboneteira, cabeça e senti uma fisgada profunda no coração. Nunca paro. Nunca desisto. Nunca volto atrás. Mas esses poucos segundos de decisão repentina me tiraram a visão e me perdi do caminho. O fardo pesou de vez e precisei sentar em meio ao nada. Sabia que estava cheio lá pois ouvia as vozes de muitas pessoas num desarranjo caótico, mas não conseguia vê-las. Pareciam todas tão iguais que não conseguia distinguir nenhuma. Não queria ficar ali, não queria me misturar àquela multidão sem cara, aos fabricantes de vidro que Gaarder falou. Não quero ser qualquer um, não quero ser só um número, me recuso. Quero ser Curinga. Faz um tempo que comecei essa aventura em meio ao deserto de rostos iguais e muitos acharam que entrar nesse caos seria a coisa mais difícil que eu tinha pela frente. Que nada. Para