Página, virada

Alguma hora isso teria que acontecer. Querendo ou não, brigando entre razão e coração, de um jeito ou de outro, esse seria o curso das coisas.
Já faz mais de mês que não falo com ele, acho. Tem algum tempo que não me interesso mais em contar essa distância. Pra ser sincera, nem tenho lembrado mais. Só sei que sua última aparição foi tão estranha e sem cabimento, que me levou a concluir, posteriormente, que se tratava de algum tipo de pegadinha planejada por ele. Não entendi absolutamente nada e assim continuo, porque minha única reação foi ignorar isto. Completamente.

Já faz meio ano que coloquei o ponto final, ou até pouco mais que isso. Passei por todas as fases internas que devia passar, da rejeição ao fato à constatação do mesmo, da rejeição do indivíduo à aceitação das circunstâncias. Chovia há tempos, só nos faltava abrir o guarda chuva.

Senti que era o fim quando o restaurante onde ele disse adeus pela primeira vez fechou. Não esbocei reação, mas senti no peito o fim vindo me abraçar.
Então de repente, o bar onde demos o primeiro beijo também fechou, misteriosamente. Aí sim, ali tive a plena certeza de que era inegável o fim. O fim que antes eu não queria querer, porque sabia que mais coisas iriam ruir junto. Mas que já queria, mais do que qualquer outra coisa àquele tempo e que finalmente chegou.
Foi devagar, porque a construção já estava alta, porém eficiente. A cada dia eu retirava os tijolos, pouco a pouco... Até conseguir limpar totalmente o terreno.
Tive essa certeza enfim, porque ele apontou uma música que parecia uma indireta e meu coração não doeu. Concordou.

Eu sou minha, só minha, e não de quem quiser. 
Não há porque voltar, não penso em te seguir, não quero mais a tua insensatez.
Não guardo mágoa ou rancor, não penso em me vingar, não sou assim. A tua insegurança era por mim.
Agora estamos aonde devíamos chegar.
És página virada, descartada do meu folhetim.

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