Sem saída

E eu que sempre gostei de sonhar e tomar conta da minha vida, me deparei enfim com todas as incertezas. Percebi que era inútil planejar, não havia no quê me agarrar. Ah, não há. Não que eu queira que tudo ocorra exatamente conforme eu imagino. Pelo menos não sempre. Mas é que desde que eu me "percebi como gente", sabia qual o próximo passo queria ou deveria dar. Quando precisei me joguei, lutei e defendi meus ideais. Nunca me arrependi de ser assim, até nas vezes que as coisas deram errado - num certo ângulo.

Agora não tem nada que me prenda. Há um horizonte de possibilidades na minha frente, nas quais por hábito, penso exaustivamente, mesmo sem chegar a lugar algum. E sabe, excesso de liberdade deixa a gente meio sem saída, já que, bem, tanto faz qualquer coisa.

Envelheci muito rápido, eu sei, só não sei ao certo quem sou agora. Dizem que eu já fiz tanto, que já construí muito, mas ainda acho que não sou nada. E pode ser que nunca seja mesmo. Não é culpa de Deus essa minha auto-exigência; é minha mesmo, admito. Me criei assim e talvez até precisasse mudar, mas ainda não quero. Aliás, nem sei mais se e o quê posso querer. Como por exemplo, se ainda devo alimentar meus planos infalíveis que sempre morrem - mas que sempre me divertem. Aprendi a viver assim, desenhando meus próprios caminhos como uma personagem no palco da vida.

Dizem que a vida é um livro em branco e cada um escreve sua história como quer. Então porquê viver de qualquer jeito se a gente pode aproveitar mais? Só que agora não sei se quero escrever ou dançar, se devo ir ou ficar, se desejo tentar ou deixar passar, se insisto ou desisto, se sou a mocinha ou a vilã, se vou estudar ou trabalhar, se prefiro o herói ou o jogador, se quero companhia ou ficar só, se sonho acordada ou deito e durmo. E não é medo de arriscar, é não saber em quê.

Acho que devo deitar na areia e ver o sol amanhecer.
Ou, mesmo que eu chore todas as noites sozinha, ir para longe de vez. Sem temer.

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