A difícil arte da decisão II

O tempo fechou. O vento mudou. Mas a porta não bateu. O que pode parecer estranho, e acho que é mesmo. Ela pareceu balançar um pouco, mas está ali ainda.
Eu estava com muita fome, comi meio biscoito e enchi o resto do estômago de borboletas. E não fui eu quem percebeu isso. Foi você que disse.
Está chovendo lá fora, mas não menos do que dentro de nós. Só que aqui dentro não tem guarda-chuva...

Eu olhei no fundo dos seus olhos e me vi dentro deles. Depois de toda turbulência, as águas tinham acalmado um pouco. Era só o som do mar e dos nossos corações separados. Eu cuidei de você, e não tinha nada que eu queria mais. Mas quando eu dormi, foi com meu edredon, dois travesseiros, uma almofada e o hipopótamo. E o casal era só o do pijama.
Acordar deve ter sido difícil pra você. De manhã cedo, nesse frio e olhando pro papel escrito de ontem, com uma sentença e duas incógnitas a resolver.
A propósito, é o seu coração que está nesse papel.

E a gente pensou em quantos restaurantes iríamos comer, nos passeios a fazer, nas brincadeiras com "o cachorro", nas noites de chuva, nos cafés de hotel, nas visitas surpresas, nos planos ilimitados de celular e nos 5kg de filmes que levaríamos 2 anos para assistir... Eu sei que você sorriu agora, posso ver sua cara.
Mas esqueça se pensou que seria perfeito. Não seria. Perfeito é enquanto está no pensamento. Quando é realidade é simplesmente, gostoso. Com muitas borboletas.
E você não ia sentir gosto de chapéu velho porque não ouviria falar dos "outros" dessa maneira. Só de você.

Se eu tivesse ido embora depois da carta, não teria ouvido a melhor parte da história, a que você contou pra mim sem usar palavras. Eu sei como é difícil a arte da decisão. Passei por isso agora pouco. Como eu disse "Desisitir é sempre mais fácil. Difícil é decidir. E seguir. Tomar coragem para encarar as barreiras que a vida cria..." Eu sei que não é simples nem fácil. Mas... você lembra o que sentiu quando eu decidi, e te falei.

E se você leu isso tudo e sentiu mil coisas novamente, você já sabe a resposta pra você mesmo. Eu, que como você diz, ouço o que você pensa, já percebi, já senti, já li em você. Só falta você fazer como eu e ouvir o calorzinho dentro do peito. Uhum, aquele mesmo. Qual medo dói mais? Não viver dói mais, sempre.


Você disse que queria ver uma trilogia de 9 horas. Eu quero resgatar seu coração.


~PS.: ganhei uma trilha sonora de aniversário. A música Seasons Change, disponível no player, é de fato, a trilha para o episódio de hoje. Letra e tradução: http://letras.terra.com.br/corinne-bailey-rae/547264/traducao.html [copie e cole no navegador]

[Todas essas coisas acontecem por uma razão/Então não vá...]

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