Aquilo que não disse

Não sou muito de falar, cê sabe.
Talvez pense q não gosto de você.
Não é verdade, mas eu prefiro assim.
Não sou mto bom pra expressar sentimentos.
Sem contar que não sei entender o que tá rolando.

Quando a gente se conheceu eu te achei legal. 
E sabendo que você tava de passagem, fiquei sussegado.  Aquilo não iria adiante, não era arriscado.
Mas ai no nosso primeiro encontro você dormiu no meu ombro, duas vezes. Eram quase 5h da manhã e acho que você tinha entrado cedo no trabalho. Deveria ter sido esquisito, mas foi, sei lá. Legal. Ver você falando como se estivesse bêbada, com aquela franjinha escura caindo na cara, os óculos meio tortos enquanto você cochilava. Eu não gosto de dizer, mas... foi fofo.

Eu não sabia se ia mandar mensagem depois. Mas mandei. Sei lá, deu vontade. Conhecer alguém sincera e de fora, me deu liberdade.
Foi bom dançar, gostei de sair contigo. E também porque sua imagem olhando pro meu nariz ficou grudada na cabeça.
Aí saimos de novo.
Ficamos presos no carro num dos dilúvios paulistas. Arrisquei uma aproximação, deu vontade de conhecer seu corpo. Mas fui com calma, não sei lidar bem com essas horas.

Depois queria te chamar pra sair, mas tinha plantão no trabalho. Engenheiros também tem plantão, uma merda. Fiquei na dúvida se você ia achar cedo demais pra ir lá em casa, ainda mais com condições. Arrisquei. Topou.
E você dormiu de novo vendo filme. Cara, sério, como cê dorme!
Quando fui pro trabalho na madrugada, foi diferentemente bom quando eu voltei e você estava lá dormindo. Ajeitei a coberta pra te proteger do frio e deitei também.

Você sempre apronta programas malucos e viagens de última hora.
Acho a maior graça.
Você tem esse espírito de viver as coisas do seu jeito e eu admiro.
Tem muitas coisas que eu não disse e acho que nunca terei coragem de dizer.
Mas admito que sinto falta.
Aqui anda meio vazio.
Era bom ter você em casa.

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