Fresta
Depois de um tempo no escuro nossas pupilas aprenderam o ajuste necessário para enxergar pelas frestas. Se acostumaram com a pouca luz, captam os mais sutis brilhos. Não precisa mais de muita coisa pra ver, ela já enxerga. É possível, inclusive, se manter nesse espaço com muita naturalidade, se mover tranquilamente e com confiança de por onde está passando.
Não é possível ver o todo.
Não é possível ver a cor das parede e dos objetos, nem ler as longas narrativas que eles contam. Mas se você chegar bem perto de onde brilha, é possível sentir as texturas. É possível tocar e se descobrir encantada por ter outra perspectiva de algo que parecia muito diferente na luz do dia. Às vezes a gente acha que precisa de mais, mas na verdade não precisa saber muito.
Tava bem escuro quando a gente cruzou nossas vidas
Minhas pupilas, já ambientadas me disseram: pode tocar, isso brilha.
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