Acaso
"Eu consigo sentir seu coração, mesmo com essa camada dura por cima." - ele disse com a voz de sorriso e implicando com meu corpo novo.
Acredito que se tem uma coisa que não existe na vida é o tal do acaso. Me explica como podem duas pessoas se encontrarem em meio ao caos da cidade se não for algo planejado pelo destino?
Refiz mentalmente cada atraso que tive aquele dia: sai 15min depois do previsto, esqueci uma chave e voltei pra buscar, dei carona no meio do caminho e ainda assim descobrimos de repente que estávamos a um carro de distância. Ele abaixou o vidro da janela imediatamente e eu quase alcancei o tempo. Falamos um assunto qualquer só para preencher o espaço e manter contato enquanto o sinal abria. E quando subi o vidro meu coração balançou.
Eu senti.
Eu senti ainda aquele nó no peito mesmo depois de tantos anos... Como se tivesse uma bola de pelos entalada no final da garganta.
E eu vi.
Vi os olhos dele brilhando de alegria, o sorriso disfarçado no rosto, tentando conter a emoção.
"Vai no aero me ver"- pedi
"Só vc msm pra me fazer mudar de caminho" - sentenciou
Eu? Ah quem me dera! Quisera eu ter poder para fazê-lo mudar de caminho e enfim viver a gente.
Reencontrá-lo foi como reencontrar uma parte de mim, até o momento tão cruelmente sufocada. Parte essa que precisava emergir e tomar um fôlego.
Estar ali de novo e poder beliscar seu braço tinha uma importância tão grande quanto receber um prêmio. E poder perceber que até aqui, nada mudou. Os cabelos ralos e macios, a mão grande e suave, as bochechas gordinhas e aquele ar de "não quero te dar tanta importância". Tudo tão natural quanto em minha memória. E o que falar do abraço? Um abraço grande, que me enlaça tão certinho que nunca quero ir embora. Acredita que ainda hoje eu não quero ir embora desse abraço?
Só tem uma coisa que mudou e não dá pra escapar: nós não temos mais 20 e poucos anos. Temos 20 e tantos e outras decisões a tomar. Temos outras urgências. Ou ainda as mesmas, na verdade não sei.
E é claro que nunca teremos certeza de tudo, isso é fato. Mas tem uma coisa que é certo e posso te garantir:
é que acasos não existem.
Acredito que se tem uma coisa que não existe na vida é o tal do acaso. Me explica como podem duas pessoas se encontrarem em meio ao caos da cidade se não for algo planejado pelo destino?
Refiz mentalmente cada atraso que tive aquele dia: sai 15min depois do previsto, esqueci uma chave e voltei pra buscar, dei carona no meio do caminho e ainda assim descobrimos de repente que estávamos a um carro de distância. Ele abaixou o vidro da janela imediatamente e eu quase alcancei o tempo. Falamos um assunto qualquer só para preencher o espaço e manter contato enquanto o sinal abria. E quando subi o vidro meu coração balançou.
Eu senti.
Eu senti ainda aquele nó no peito mesmo depois de tantos anos... Como se tivesse uma bola de pelos entalada no final da garganta.
E eu vi.
Vi os olhos dele brilhando de alegria, o sorriso disfarçado no rosto, tentando conter a emoção.
"Vai no aero me ver"- pedi
"Só vc msm pra me fazer mudar de caminho" - sentenciou
Eu? Ah quem me dera! Quisera eu ter poder para fazê-lo mudar de caminho e enfim viver a gente.
Reencontrá-lo foi como reencontrar uma parte de mim, até o momento tão cruelmente sufocada. Parte essa que precisava emergir e tomar um fôlego.
Estar ali de novo e poder beliscar seu braço tinha uma importância tão grande quanto receber um prêmio. E poder perceber que até aqui, nada mudou. Os cabelos ralos e macios, a mão grande e suave, as bochechas gordinhas e aquele ar de "não quero te dar tanta importância". Tudo tão natural quanto em minha memória. E o que falar do abraço? Um abraço grande, que me enlaça tão certinho que nunca quero ir embora. Acredita que ainda hoje eu não quero ir embora desse abraço?
Só tem uma coisa que mudou e não dá pra escapar: nós não temos mais 20 e poucos anos. Temos 20 e tantos e outras decisões a tomar. Temos outras urgências. Ou ainda as mesmas, na verdade não sei.
E é claro que nunca teremos certeza de tudo, isso é fato. Mas tem uma coisa que é certo e posso te garantir:
é que acasos não existem.
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