Dinheiro?

Uma garota sentada no chão passava o tempo cortando corações numa folha de papel. Três, um dentro do outro. Já eram quase 6h da manhã, o sol estava despontando. Fazia algumas horas que estávamos acordadas, virando a noite no mesmo projeto. Sabia que seria um trabalho desgastante, mas precisava de dinheiro.
Dessa vez eu procurei não imaginar o que se passava no coração dela, mas senti no meu uma carência efervescente, subindo como de um estômago com gastrite matinal. Essa carência, que nunca senti, gritou pra mim que não é o dinheiro que traz prazer.
Dinheiro não é tudo.
Não é quase nada.
Lutar só por ele não é o suficiente.

Prazer mesmo é quando você termina um trabalho que te paga bem, mesmo que a tenha feito ficar acordada mais de 20 horas seguidas, e alguém especial te liga para perguntar como você está. Nessa hora você se faz de durona e diz que está tudo bem, mas que adoraria que ele a levasse pra casa. Na verdade, está exausta. Então ele te busca, prepara um café e te acorda na hora que você precisa para sair para trabalhar, de novo.
Prazer não é ter o dinheiro. Prazer é usá-lo como desculpa para ser mimada um pouquinho e acordar com ele sorrindo pra você, bobão dizendo: Boa tarde dorminhoca, hora de trabalhar mais!
Prazer é comprar maquiagem e sapatos para se sentir linda, para se apresentar bem no trabalho e para ver a cara dele de bobão de novo. Dinheiro por si só não traz prazer, nunca trouxe.
Prazer mesmo é dividir a vida com quem a gente ama.


[nos rascunhos desde 11/11/10]

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