Please don't stop the music

Ouvi aquela música de novo, depois de um mês.
Fiquei lembrando do seu sorriso bobo de quem queria disfarçar tal aproximação. Eu queria dançar e queria com você. Esperava que entrássemos em sintonia, que acertássemos os passos e a coreografia. Estava bom curtir você, mesmo com vergonha, mesmo disfarçando. Eu ali, personagem paquera, torcendo para ser verdade, mas não poderia ser.
Será que deu tempo de me apaixonar por você nesses poucos dias?
Não sei quando começou, só lembro que atravessei a porta e vi você parado na calçada. Um vento passou pelo meu ouvido e eu o senti soprando. Eu não estava procurando por ninguém quando você me olhou.
Nunca acredito como é possível essas coisas acontecerem. Talvez por isso elas sempre aconteçam comigo. Você não sabe, mas eu nunca tenho sorte.
Pode ser que eu cansasse de você em mais duas semanas. Mas não me importa, se eu gosto de tudo em você agora. Sei que existe uma festa inteira à nossa volta, mas não vejo. Sua mão está em volta da minha cintura, estamos de mãos dadas e nossos rostos, colados. Eu talvez tivesse coragem, mas não tenho o direito.
Você não sabe, mas eu nunca tenho sorte.
Não é sempre que eu tropeço em alguém firme como você, sei que se fosse outro já teria derrapado. Mas você não. Você permanece a dois palmos do meu nariz mas sem respirar, que é pra não escorregar.
Eu senti o jeito como você apertou minha cintura, eu percebi o aconchego no seu abraço e a maneira como organizava as palavras enquanto falava comigo. Sua consciência se manteve firme e não deixou. Admirei você ainda mais, com sotaque, sorriso, perfume e tudo. 
Quis te levar embora, quis me mudar para cá, mas eu não tenho o direito. Eu sei que você vai partir hoje à noite, sei que talvez não o veja nunca mais e que tudo o que eu tenho é esse momento.
Você não sabe, mas essas coisas sempre acontecem comigo, eu nunca tenho sorte. Então, vai meu último pedido: por favor, não parem a música.

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