Folhas novas

Imagino sim, sem querer.
Ela voltando de lá, você voltando pra ela, a vida voltando pra trás.
[Mas eu não volto com você.]
Ela conta histórias, traz roupa nova e convence você.
[Mas ela não muda, só volta com você.]
As alegrias voltam, as dores voltam, a vida volta ao passado.
[Só que eu não volto com você.]
Talvez tenha que ser assim.

Eu tropeço um novo alguém, compro roupa nova, mudo de emprego e de carro. O novo, novo de novo. Estabilizo a paisagem, tropeço outro alguém, acho que vale à pena e dispenso mais dois. Durmo fora na sexta, lancho na rua às 3 da manhã, me sinto realizada, independente e poderosa. Aí dou o fora, mudo pra Europa.

Tropeço novos alguéns em línguas diferentes, jeitos diferentes, cheiros diferentes. Alugo uma casa com flores na janela, compro um cachorro e começo a trabalhar numa galeria de arte. Aqui você continua com ela, do mesmo jeito, altos e baixos e água morna. Lá eu completo 27 e pela primeira vez em 10 anos, comemoro sem você. Minhas férias acabam, sinto saudade e decido voltar. Deixo o cachorro e um pedaço do meu coração. Aqui tenho emprego me esperando, carro novo na garagem e casa pronta nas montanhas. Já me acostumei a conviver com o frio mas é que por dentro, estou mais quente do que nunca, você precisa ver.

Eu volto de lá, você vai me encontrar e não acredita no que vê.
Eu conto minhas histórias, uso roupas novas e hipnotizo você.
As lembranças voltam, a vontade volta, mas a vida não volta ao passado.
A gente mudou mas não mudou de todo.
O meu cheiro continua o mesmo.
O seu cheiro continua o mesmo.
Mas nosso tempo acabou.

E eu continuo não podendo voltar com você.

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