Poliana

Ela só precisava de conforto e carinho, e simplificava tudo. Poliana era garota de coração grande, de amores incompletos e decepções bem resolvidas. Achava que nunca ia passar por isso de novo. Mas sempre passava.
Não foi bem uma escolha dela desenhar o mundo em tons pastéis. Já nasceu assim e não sabia ser de outro jeito. Queria sempre acreditar que havia um amor prontinho esperando por ela em algum lugar e apostava todas as suas fichas nisso. Ela acredita.
Samuel apareceu com palavras doces e atenção de sobra e fez Poliana se sentir completamente especial. Ela confiou nele e abriu seu coração. Contou seus medos, seus receios, suas expectativas e os problemas pelos quais passou. Ah que linda! Sentiu que finalmente fora compreendida por um rapaz tão atencioso, tão presente e até um pouco ciumento. Sentiu que nesse cara ela podia confiar.

Ingênua Poliana. Se tivesse prestado atenção às histórias que sempre ouve e lê, saberia que homem que ama de verdade protege mas não destrói, sente ciúmes mas não manipula, ouve mas também conta sobre sua vida. Ou melhor, inclui você entre as prioridades da vida dele. Samuel nunca foi atencioso assim. Ele faz parte daqueles jogadores que veem você como prêmio, seja apenas para se sentir superior ao poder controlá-la ou seja para todos os benefícios que te chamar de sua mulher podem proporcioná-lo.
Não adianta chorar Poliana, a vida é assim e salve-se quem puder.
É pra isso que você ouve tantas histórias.
Para tentar aprender com o erro dos outros e manter seu alerta ligado. Todo mundo sabe que não se deve andar à noite com as luzes apagadas. Eu sei, eu sei... Samuel vendou seus olhos com doces palavras e promessas como fazemos com as crianças antes do Natal, e a levou pra andar na rua à noite. Eu sei, eu sei. Isso faz parte do comportamento típico dos jogadores e tenho certeza que alguém te alertou sobre isso, provavelmente mais de uma vez. Mas você não queria ver, queria acreditar.

Quando Poliana abriu os olhos, percebeu que já estava escuro demais.

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