Carta à minha melhor amiga

Às vezes somos muito jovens para entender as coisas. Ou imaturos. Ou egoístas. São muitos motivos.
Eu levei quase 4 anos.

Quando a gente se despediu eu senti que ainda havia amor. Eu vi seus olhos tristes e aquela frase que ficou pela metade "mas eu não quero virar as costas e ir embora assim..."

Eu não sei o que fiz pra você, mas espero que um dia você me perdoe. Seja lá o que for, juro que fiz tentando acertar. Juro que fiz desejando ver você mais feliz.
Foi muito duro ver a gente indo embora. Eu demorei a aceitar. Foi um golpe ainda pior saber que você tinha casado e eu não estava lá. E que você estava grávida, e eu não estava lá. Eu não fico acompanhando sua vida assim de perto, que fique claro. Mas as notícias chegam.

Acho que enfim, depois de tantos meses, consigo falar na gente sem rancor.

Eu tenho sonhado com você. Tenho sonhado que a gente se encontra por acaso e conversa um pouco sobre a vida. Queria saber suas novidades e te contar as minhas. Voei tanto depois daquele adeus, tanto quanto você gostaria. E meus cabelos vivem soltos, tanto quanto você incentivava. E olha, minha gata fez 4 anos, acredita? Um pena não tê-la conhecido.

Bem...eu quero dizer que durante todos esses anos eu senti sua falta. Evento por evento, aniversário por aniversário. Eu demorei a entender que não importa o que tenha acontecido, eu não ia deixar de sentir o que sinto.
O quanto a vida te mudou e me mudou? Não sei.
Certamente a gente nem sequer se conhece hoje. Andei pensando e acho que se houvesse chance, eu gostaria de te conhecer de novo.
Se isso não acontecer, desejo que ao menos seu coração fique em paz e me perdoe.
Que entenda que eu era muito jovem. Ou imatura. Ou egoísta. Ou tudo junto, não sei bem.

Eu achei que estava mesmo fazendo as coisas do jeito certo, de verdade. Espero muito que você acredite em mim.
Quem sabe um dia.
De todo modo, saiba que levarei o melhor da gente para aonde for, sempre.
Por antes e hoje, obrigada por tudo.