Começamos a contagem regressiva uma semana antes do encontro. Muitas coisas aconteceram naquela semana, inclusive a entrada de um balão nas conversas. Falavamos na verdade do gosto peculiar que ele tinha de ser assoprado na boca. O desenho do singelo balão vermelho acabou ganhando nova conotação e se tornou referência da esperança em nosso reencontro. Ele, de sentir paz com a minha presença. Eu, de encontrar as respostas que procurei por anos. Então a cada dia, na hora da despedida de boa noite, digitávamos o dia a menos na contagem e mandávamos o balão como um selo de carta. Eu pensei muitas coisas aquela semana, ainda nem consigo reorganizar. Mas uma das coisas que ele me falou caiu pesada no meu colo: "eu penso na gente e parece que faz tanto tempo já." De fato, fazia. Mas eu precisava pagar pra ver. A cada ano e a cada novo momento eu carregava aquele nosso amor caído, o balão que ficou amarrado no meu braço pra que eu não o perdesse pelos parques da vida, mas agor...