Tá errado
"Tem alguma coisa errada", ouço minha mãe dizer. Ontem ela disse a mesma coisa, anteontem também e acredito, amanhã também dirá.
Eu digo pra mim mesma "sei, tem algo errado". Mas, o quê será?
A gente acorda cedo, trabalha duro, se joga, pira, briga, resolve, remonta, recria, destrói, reconstrói, faz de novo e? E ainda está tudo lá, no mesmo lugar.
Não é completamente ruim que esteja no mesmo lugar, mas poxa, não podia avançar?
Amanhece, mais um dia.
Uma pilha de louças para lavar, uma pilha de roupas para passar e todos os meus materiais de estudos empoeirados para arrumar. Vejo tudo bagunçado e repito "uhum, tem algo errado".
Ontem eu era uma garota cheia de sonhos, que criava, que flutuava e que contava aos quatro ventos "ei, esse é meu sonho" e pensava cada detalhe dele. Eu conhecia meus sonhos. Eu os vivia.
Ontem eu entrei numa loja de departamento e fui na seção de adolescentes, que é o tamanho que ainda cabe em mim. Li as frases das camisetas e senti uma fisgada no peito. As roupas cabem no meu corpo mas as atitudes não são mais pra mim. Senti saudades da garota que tagarelava seus sonhos e sempre ouvia: "menina, você é muito esperta, você vai longe!"
Não fui, tô aqui.
Mãe, quando foi que a gente começou a procrastinar?
Você sonha em viajar e todo ano diz "esse ano não dá, mas ano que vem eu vou". E não vai. Você acha certo isso? Viver pra esperar?
Mãe, quando foi que eu endureci e passei a me conformar com as coisas?
Eu parei de discutir, parei de contra argumentar, parei de me cuidar. As pessoas falam comigo e minha tendência é concordar. Elas perguntam como vai minha vida e eu digo "tudo bem, tô indo." Indo aonde? Eu não fui, não saí do lugar.
Vejo o tempo da vida escorrendo e nem escolhi que roupa usar.
Não tenho novas ideias para contar.
Os grandes sonhos daquela garota sobrevivem aqui dentro em algum lugar. Mas andam bem debilitados, precisam da ajuda de aparelhos e não sei quanto tempo ainda há de lhes restar.
Mãe, quando foi que eu parei de acreditar?
É isso que tá errado.
Eu digo pra mim mesma "sei, tem algo errado". Mas, o quê será?
A gente acorda cedo, trabalha duro, se joga, pira, briga, resolve, remonta, recria, destrói, reconstrói, faz de novo e? E ainda está tudo lá, no mesmo lugar.
Não é completamente ruim que esteja no mesmo lugar, mas poxa, não podia avançar?
Amanhece, mais um dia.
Uma pilha de louças para lavar, uma pilha de roupas para passar e todos os meus materiais de estudos empoeirados para arrumar. Vejo tudo bagunçado e repito "uhum, tem algo errado".
Ontem eu era uma garota cheia de sonhos, que criava, que flutuava e que contava aos quatro ventos "ei, esse é meu sonho" e pensava cada detalhe dele. Eu conhecia meus sonhos. Eu os vivia.
Ontem eu entrei numa loja de departamento e fui na seção de adolescentes, que é o tamanho que ainda cabe em mim. Li as frases das camisetas e senti uma fisgada no peito. As roupas cabem no meu corpo mas as atitudes não são mais pra mim. Senti saudades da garota que tagarelava seus sonhos e sempre ouvia: "menina, você é muito esperta, você vai longe!"
Não fui, tô aqui.
Mãe, quando foi que a gente começou a procrastinar?
Você sonha em viajar e todo ano diz "esse ano não dá, mas ano que vem eu vou". E não vai. Você acha certo isso? Viver pra esperar?
Mãe, quando foi que eu endureci e passei a me conformar com as coisas?
Eu parei de discutir, parei de contra argumentar, parei de me cuidar. As pessoas falam comigo e minha tendência é concordar. Elas perguntam como vai minha vida e eu digo "tudo bem, tô indo." Indo aonde? Eu não fui, não saí do lugar.
Vejo o tempo da vida escorrendo e nem escolhi que roupa usar.
Não tenho novas ideias para contar.
Os grandes sonhos daquela garota sobrevivem aqui dentro em algum lugar. Mas andam bem debilitados, precisam da ajuda de aparelhos e não sei quanto tempo ainda há de lhes restar.
Mãe, quando foi que eu parei de acreditar?
É isso que tá errado.
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